Otospongiosis is temporal bone osteodystrophy, characterized by disordered bone resorption and neoformation in genetically predisposed individuals. Clinically, otospongiosis is characterized by progressive conductive and/or mixed hearing loss and by tinnitus.
ObjectiveA review of the last two decades of publications that report the degree of tinnitus improvement with stapes surgery.
Methods125 articles published in the last 20 years mentioning the relationship between otosclerosis and tinnitus. Literature has always shown that the hearing improvement after stapes surgery was the main result sought and found. However, recent articles has reinforced the need for surgery for the tinnitus improvement. The ideal time to assess tinnitus through different scales is in the sixth month post‐operative. The estimated average hearing improvement is 93% and tinnitus is 85.52%.
ResultsSummaries of 12 articles were reviewed which fulfilled the search criteria of the survey, and 8 studies were included in the study according the selection criteria. This studies investigating the degree of tinnitus improvement with stapes surgery, using different scales as: tinnitus functional index, visual analog scale, tinnitus functional index and visual analog scale, visual analog scale and “questionnaire asking about tinnitus”, Newman's method and Tinnitus Score Advocated by the Japan Audiological Society. The total of the samples of the evaluated articles was of 254 participants.
ConclusionWe conclude that stapes surgery is effective for the treatment of tinnitus (average improvement is 85.52%), and hearing loss (average improvement is 93%). When deciding about the surgical indication in patients with otosclerosis, the presence and level tinnitus should be considered as well as the level of hearing.
A otosclerose é uma osteodistrofia do osso temporal, caracterizada pela reabsorção e neoformação óssea desordenadas em indivíduos geneticamente predispostos. Clinicamente, a otosclerose é caracterizada por perda auditiva progressiva condutiva e/ou mista e por zumbido.
ObjetivoUma revisão das últimas duas décadas de publicações que relatam o grau de melhora do zumbido com a estapedectomia.
MétodoForam analisados 125 artigos publicados nos últimos 20 anos que mencionavam a relação entre otosclerose e zumbido. A literatura sempre mostrou a melhoria auditiva como principal objetivo e resultado da estapedectomia. No entanto, artigos recentes reforçaram a necessidade de cirurgia para a melhoria do zumbido. O momento ideal para avaliar o zumbido através de diferentes escalas é no sexto mês pós‐operatório. A melhoria auditiva média estimada é de 93% e a do zumbido, de 85,52%.
ResultadosForam revisados resumos de 12 artigos que preencheram os critérios de pesquisa, foram incluídos no estudo 8 artigos de acordo com os critérios de seleção. Este estudo investiga o grau de melhora do zumbido com a estapedectomia, utilizando diferentes escalas: tinnitus functional index, escala visual analógica, tinnitus functional index e escala visual analógica, escala visual analógica e “questionário sobre o zumbido”, método de Newman e o Tinnitus Score Advocated, da Sociedade Audiológica do Japão (Japan Audiological Society). O total das amostras dos artigos avaliados foi de 254 participantes.
ConclusãoConcluímos que a estapedectomia é bastante eficaz no tratamento do zumbido (melhoria média de 85,52%) e perda auditiva (melhoria média de 93%). Ao decidir sobre a indicação cirúrgica em pacientes com otosclerose, a presença e o nível de zumbido devem ser considerados, assim como o nível de audição.
A otosclerose é uma osteodistrofia do osso temporal, caracterizada por reabsorção e neoformação óssea desordenadas em indivíduos geneticamente predispostos. Toda a cápsula óptica pode estar envolvida, embora a área próxima da fissula ante fenestram (anterior à janela oval) seja o local mais comumente afetado.
Clinicamente, a otosclerose é caracterizada por perda auditiva progressiva condutiva e/ou mista e por zumbido. Eventualmente, perda auditiva neurossensorial, plenitude auditiva e vertigem podem ocorrer.
O zumbido é uma sensação de som anormal que alguns pacientes com perda auditiva experimentam. Pacientes com otosclerose podem apresentar graus variáveis ??de zumbido associados à perda auditiva. Gristwood et al.1 relataram, com base em uma revisão de 1.014 casos consecutivos de otosclerose clínica, que 65% dos pacientes com perda auditiva devido à otosclerose tinham zumbido.
Subsequentemente, Deuyer et al. relataram que a prevalência de zumbido é estimada em 65% a 85%.2 Estudos anteriores indicaram que o zumbido diminui com a melhoria da audição após a estapedectomia.2 Vários estudos têm relatado a alta prevalência de zumbido e o grau de desconforto em pacientes com otosclerose e a melhoria após a cirurgia. No entanto, somente alguns estudos descreveram o prazo da melhoria ou quantificaram a melhoria do zumbido com o uso de um instrumento de avaliação de zumbido validado de forma prospectiva. O objetivo desta revisão sistemática foi avaliar o resultado das publicações que relataram o grau de melhoria do zumbido com a estapedectomia, com ênfase no tipo de método usado e no período de avaliação.
MétodoAs pesquisas foram feitas nas bases de dados PubMed, com os descritores extraídos do Medical Subject Headings (MeSH) que caracterizaram o assunto: otosclerosis AND stapes surgery OR stapedotomy AND tinnitus.
Os critérios de inclusão dos estudos foram: artigos na língua inglesa; publicados nos últimos 20 anos; estudos prospectivos e estudos clínicos em adultos com ênfase na otosclerose, estapedectomia e escalas para medir o grau de melhoria do zumbido. Estudos retrospectivos foram excluídos.
ResultadosForam revisados resumos de 12 artigos que preencheram os critérios de inclusão da pesquisa e oito artigos foram incluídos no estudo de acordo com os critérios de inclusão. A figura 1 mostra o diagrama PRISMA de fluxo para inclusão.
Características dos estudosEsta revisão encontrou oito estudos que investigaram o grau de melhoria do zumbido com a estapedectomia, com o uso de diferentes escalas. As estapedectomias foram estapedectomia e estapedotomia. Os artigos usaram diferentes escalas: Tinnitus Functional Index‐TFI, Escala Visual Analógica‐EVA, TFI e EVA, EVA e “questionário sobre o zumbido”, método de Newman e Tinnitus Score Advocated, da Sociedade Audiológica do Japão (Japan Audiological Society).
No primeiro mês de avaliação pós‐operatória, os resultados variaram entre 75% e 88% de melhoria no zumbido. No sexto mês, entre 85% e 88,3%.
Sakai et al. não mencionaram o período de avaliação. Neste artigo, o grau de melhoria foi de 68%.
Sanchez et al. informaram que a melhoria em torno do terceiro mês foi de 95,7%, esse foi o período de maior grau de melhoria observado entre todos os artigos.
Em estudos nos quais a avaliação foi feita entre quatro e 10 meses; quatro e 14 meses e 14 e 48 meses, o grau de melhoria do zumbido variou de 90 a 91%.
O total das amostras dos artigos avaliados foi de 254 participantes (tabela 1).
Artigos, tipo de escalas, tempo de avaliação no pós‐operatório e resultados
Título | Autor/ano de publicação | Tipo de escala | Tamanho da amostra | Tempo de avaliação no pós‐operatório | Grau de melhoria do zumbido |
---|---|---|---|---|---|
Stapedectomy effects on tinnitus: relationship of change in loudness to change in severity2 | Dewyer et al., 2015 | TFI e EVA | 35 | 1 e 6 meses | 1 mês‐75% 6 meses‐88% |
Tinnitus modulation by stapedectomy3 | Chang et al., 2014 | TFI | 16 | 1 e 6 meses | 1 mês‐88% 6 meses‐85% |
Characteristics and postoperative course of tinnitus in otosclerosis4 | Ayache et al., Earally, Elbaz, 2003 | TFI | 62 | 1 e 6 meses | 1 mês‐83,4% 6 meses‐88,3% |
Outcome of stapes surgery for tinnitus recovery in otosclerosis5 | Rajati, Poursadeg, Bakhshaee, Abbasi, Shahab, 2012 | Método de Newman | 29 | 1 mês | 82,8% |
The effect of stapedotomy on tinnitus in patients with otospongiosis6 | Sanchez, Bento, Lima, Marcondes, 2005 | EVA | 23 | 3 meses | 95,7% |
Long‐term follow‐up of tinnitus in patients with otosclerosis after stapes surgery7 | Sobrinho, Oliveira, Venosa, 2004 | Questionnaire asking about tinnitus, EVA | 48 | 4 a 14 meses;14 a 48 meses | 4 a 14 meses‐91%; 14 a 48 meses‐91% |
How does stapes surgery influence severe disabling tinnitus in otosclerosis patients?8 | Oliveira CA; 2007 | EVA | 19 | 4 a 10 meses | 4 a 10 meses‐90% |
The effect on tinnitus of stapes surgery for otosclerosis9 | Sakai, Sato, Iida, Ogata, Ishida, 1995 | Tinnitus score advocated by the Japan Audiological Society | 22 | Não mencionado | 68% |
Embora o zumbido esteja frequentemente relacionado à otosclerose, ele tem sido pouco discutido na literatura. No entanto, ele representa uma grande fonte de desconforto para alguns pacientes, os quais são com frequência inquisitivos sobre o curso desse sintoma.2
Não foi observado zumbido pós‐operatório em pacientes que não apresentavam zumbido pré‐operatório, mas esse fator não parece ser estatisticamente significante como indicador preditivo do curso do zumbido. Esse achado também foi observado por Kersley e Gray,10 mas Del Bo et al.11 mencionaram que o zumbido ocorreu tardiamente após a cirurgia, em 7% dos pacientes que não apresentavam zumbido no período pós‐operatório imediato.
Shea12 e Causse e Vincent13 tentaram correlacionar o tom do zumbido pré‐operatório em pacientes com otosclerose e a diminuição desse sintoma após a estapedectomia. Ambos declararam que apenas o zumbido em tom grave é afetado pela estapedectomia. Causse e Vincent indicaram que esse tipo de zumbido está relacionado à elasticidade do mecanismo da janela oval, que é corrigida pela estapedectomia.
Em um estudo do osso temporal em busca de uma correlação histopatológica para o zumbido, Oliveira e Schuknecht14 encontraram hidropsia endolinfática em 18% dos ossos estudados, histopatologia normal em 11% e otosclerose em 11%. Esses foram os principais diagnósticos histopatológicos encontrados em pacientes com zumbido. Se considerarmos que o zumbido começa com uma alteração bioquímica nos fluidos da orelha interna, a qual no início não é detectável por microscopia óptica, mas subsequentemente será vista como hidropsia endolinfática, e que os focos otoscleróticos na cóclea provocam essas alterações bioquímicas na endolinfa e perilinfa, esses principais diagnósticos histopatológicos encontrados nos ossos temporais de pacientes com zumbido estão intimamente ligados. Se a explicação acima for verdadeira, a única maneira pela qual a estapedectomia pode influenciar o zumbido em pacientes com otosclerose é alterando a parte condutora da equação.
Novamente, Oliveira e Schuknecht14 encontraram uma melhor preservação das estruturas sensoriais e neurais em pacientes com zumbido do que em pacientes com o mesmo diagnóstico histopatológico, mas sem zumbido. Possivelmente, o zumbido é um sinal muito precoce de lesão coclear e tende a diminuir à medida que a lesão piora. É claro que as ideias apresentadas nos parágrafos anteriores estão longe de ser comprovadas, mas acreditamos que elas compõem uma hipótese interessante a ser investigada.
ConclusãoEsta revisão sistemática de 254 casos de otosclerose mostrou, através de diferentes escalas e em diferentes momentos, que a estapedectomia foi de grande valor na melhoria do zumbido, observada em 85,52% dos pacientes com zumbido pré‐operatório.
A indicação primária para a estapedectomia é a melhoria da audição.4
Portanto, ao decidir sobre a indicação cirúrgica em pacientes com otosclerose, a presença e o nível do zumbido devem ser considerados, bem como o nível de audição, já que concluímos que a estapedectomia também pode aliviar o zumbido na maioria dos pacientes com otosclerose.
Conflitos de interesseOs autores declaram não haver conflitos de interesse.
Como citar este artigo: Cavalcante AM, Silva IM, Neves BJ, Oliveira CA, Bahmad F Jr. Degree of tinnitus improvement with stapes surgery – a review. Braz J Otorhinolaryngol. 2018;84:514–8.
A revisão por pares é da responsabilidade da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico‐Facial.