Submandibular glands are exposed to many effects due to diseases and therapeutic interventions. A study evaluating the effect of submandibular gland dysfunction on the parotid gland has not been presented in the literature.
ObjectiveThe aim of this study was to evaluate the histopathological changes in the parotid gland following submandibular gland failure.
MethodsThree groups of seven randomly selected female New Zealand rabbits weighing 2500–3000g were studied. Unilateral and bilateral submandibular glands were removed in Groups 1 and 2, respectively. No procedure was performed in Group III, the control group. The parotid glands were removed 30 days later. Histological parameters were evaluated and graded between 0 (none) and 3 (severe). Differences between groups were compared using the Mann–Whitney U test.
ResultsMean mucus accumulation in acinar cells was 2.57±0.53 and 1.71±0.75 in Groups 1 and 2, respectively (p<0.05). This value was 0.57±0.53 in Group 3, which was significantly lower than in Groups 1 and 2 (p<0.05). Mean dilatation of the intercalated ducts’ lumen was 1.28±0.48 and 1.57±0.53 in Groups 1 and 2, respectively (p>0.05). This value was 0.28±0.48 in Group 3, which was significantly lower than in Groups 1 and 2 (p<0.05). Mean mucus accumulation in the intercalated ducts’ lumen was 2.00±0.81 and 1.00±0.57 in Groups 2 and 3, respectively (p<0.05).
ConclusionThe findings of this study indicate that only 1 month after submandibular gland failure, the parotid glands exhibit significant changes.
As glândulas submandibulares estão expostas a muitos efeitos causados por doenças e intervenções terapêuticas. Estudos que avaliam o efeito da disfunção da glândula submandibular na glândula parótida ainda não foram reportados na literatura.
ObjetivoO objetivo deste estudo foi avaliar as alterações histopatológicas na glândula parótida após insuficiência da glândula submandibular.
MétodoTrês grupos de sete coelhas fêmeas da raça Nova Zelândia, selecionadas aleatoriamente, pesando entre 2.500 e 3.000 gramas foram estudadas. As glândulas submandibulares unilaterais e bilaterais foram removidas nos Grupos 1 e 2, respectivamente. Nenhum procedimento foi realizado no Grupo III, o grupo controle. As glândulas parótidas foram removidas 30 dias depois. Os parâmetros histológicos foram avaliados e classificados entre 0 (nenhum) e 3 (grave). As diferenças entre os grupos foram comparadas usando o teste U de Mann‐Whitney.
ResultadosO acúmulo médio de muco nas células acinares foi de 2,57±0,53 e 1,71±0,75 nos Grupos 1 e 2, respectivamente (p<0,05). Esse valor foi de 0,57±0,53 no Grupo 3, significativamente menor do que nos Grupos 1 e 2 (p<0,05). A dilatação média do lúmen dos dutos intercalados foi de 1,28±0,48 e 1,57±0,53 nos Grupos 1 e 2, respectivamente (p>0,05). Esse valor foi de 0,28±0,48 no Grupo 3, significativamente menor do que nos Grupos 1 e 2 (p<0,05). O acúmulo médio de muco no lúmen dos dutos intercalados foi 2,00±0,81 e 1,00±0,57 nos Grupos 2 e 3, respectivamente (p<0,05).
ConclusãoOs achados deste estudo indicam que apenas um mês após a insuficiência da glândula submandibular as glândulas parótidas apresentam alterações significativas.
Três pares de glândulas salivares maiores estão localizados na cavidade oral: as glândulas sublinguais, sob a língua, as glândulas submandibulares, sob o assoalho da boca, e as glândulas parótidas no aspecto posterior da boca no espaço retromandibular.1
As grandes glândulas salivares estão expostas a vários fatores que levam à perda de função. Alguns desses fatores, como injeção de toxina botulínica, excisão da glândula e transferência de glândulas, têm propósitos terapêuticos.2–4 Cálculos de glândulas salivares, radioterapia aplicada na região da cabeça e pescoço e trauma na glândula salivar causam disfunções significativas.5–7 Na falta de um estudo que avalie o efeito da disfunção de qualquer glândula salivar (ou glândulas salivares) nas outras glândulas salivares, nosso objetivo foi avaliar as alterações histopatológicas na glândula parótida em um modelo animal de função comprometida da glândula submandibular em coelhos.
MétodoDesenho e animais do estudoEste estudo foi feito em 21 coelhas fêmeas da raça Nova Zelândia (2.500‐3.000g) no Centro de Pesquisa Experimental da Universidade de Firat, após aprovação do Conselho de Ética da Faculdade de Medicina (Número do Documento: 142563/14).
Os animais foram divididos aleatoriamente em três grupos, com sete coelhas em cada grupo:
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Grupo I: As glândulas submandibulares unilaterais foram ressecadas e as glândulas parótidas bilaterais foram removidas 30 dias depois para exame histopatológico.
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Grupo II: As glândulas submandibulares bilaterais foram ressecadas e as glândulas parótidas bilaterais foram removidas 30 dias depois para exame histopatológico.
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Grupo III (grupo controle): Nenhuma intervenção cirúrgica foi feita nas glândulas submandibulares e as glândulas parótidas bilaterais foram removidas para exame histopatológico.
O mesmo procedimento cirúrgico foi feito em todos os coelhos dos Grupos I e II. Os animais foram anestesiados com 10mg/kg de cloridrato de xilazina (Rompun®; Bayer AG, Alemanha) e 50mg/kg de cloridrato de quetamina (Ketalar®; Eczacibasi Ilac, Turquia). Uma incisão horizontal de 3cm de comprimento foi criada 1cm abaixo do corpo da mandíbula. As glândulas submandibulares foram alcançadas após a pele e os retalhos subcutâneos serem elevados (fig. 1). As glândulas submandibulares unilaterais e bilaterais foram excisadas dos animais nos Grupos I e II, respectivamente. Tratamento profilático com 20‐40mg/kg de cefazolina sódica (Sefazol Flk®; Mustafa Nevzat, Turquia) foi administrado um hora antes e uma hora após a cirurgia. Todos os animais foram acompanhados por 30 dias após o procedimento cirúrgico.
Os coelhos foram novamente anestesiados com 10mg/kg de cloridrato de xilazina e 50mg/kg de cloridrato de quetamina no 30° dia do pós‐operatório. Uma incisão de aproximadamente 3cm de comprimento foi feita na região da glândula parótida. A glândula parótida foi exposta descolando‐se a pele e o tecido subcutâneo e, em seguida, excisada. O mesmo procedimento cirúrgico foi feito na glândula parótida contralateral.
Preparação das amostrasAs glândulas parótidas foram fixadas em glutaraldeído a 10% por quatro a seis horas. Os espécimes fixos foram desidratados gradualmente em etanol após ser mantidos em tetróxido de ósmio a 1% por 30 minutos e então colocados em resina Epon. Usaram‐se micrótomos com lâmina de vidro Ultratome III (Shandan Finesse, Inglaterra) para obter secções de 1,5μm de espessura. As secções foram coradas com hematoxilina e eosina e analisadas com magnificação de 40x, 100x, 200x e 1000x, com um microscópio óptico (Olympus, BX51, Japão).
Avaliação das amostrasO acúmulo de muco nas células acinares, a dilatação do lúmen nos dutos intercalados, o acúmulo de muco no lúmen dos dutos intercalados, o acúmulo de grânulos citoplasmáticos e a contagem de células mioepiteliais foram avaliados com uma lente graticulada (um micrômetro ocular com 100 quadrados iguais que mediam 1×1mm cada) montado em um microscópio óptico Olympus.
Quatro secções foram coletadas de cada coelho. Dentro de cada secção, quatro áreas distintas foram examinadas com quatro ampliações (40x, 100x, 200x e 1000x) e classificadas da seguinte forma: nenhum=0, leve=1, intermediário=2 e grave=3. O escore médio foi calculado com o uso das quatro áreas examinadas de todas as quatro seções de cada coelho.
Análise estatísticaUm banco de dados foi criado com os dados histopatológicos, que foram analisados estatisticamente pelo programa SPSS 11.5 (SPSS Inc, ABD). Valores de p <0,05 foram estabelecidos como estatisticamente significantes. As variáveis apresentaram distribuição não normal, pois cada grupo foi composto por sete coelhas e o número total de coelhas foi de 21; assim, testes não paramétricos foram usados nas análises estatísticas. O teste U de Mann‐Whitney foi usado para comparar os grupos.
ResultadosO acúmulo médio de muco nas células acinares foi de 2,57±0,53 no Grupo 1 e de 1,71±0,75 no Grupo 2 (p <0,05). Esse valor foi de 0,57±0,53 no Grupo 3, significantemente menor do que nos Grupos 1 e 2 (p <0,05). A dilatação média do lúmen dos dutos intercalados foi de 1,28±0,48 no Grupo 1 e de 1,57±0,53 no Grupo 2 (p> 0,05). Esse valor foi de 0,28±0,48 no Grupo 3, significantemente menor do que nos Grupos 1 e 2 (p <0,05). O acúmulo médio de muco no lúmen dos dutos intercalados foi 2,00±0,81 no Grupo 2 e 1,00±0,57 no Grupo 3 (p <0,05). Esse valor foi de 1,42±0,53 no Grupo 1, o qual não foi significantemente diferente do acúmulo de muco nos dutos intercalados em nenhum dos outros dois grupos. Não houve diferenças significantes entre os grupos em termos de acúmulo de grânulos citoplasmáticos ou número de células mioepiteliais (tabela 1).
Médias e desvios‐padrão dos dados dos grupos experimentais (Grupos I‐II) e do grupo controle (Grupo III)
Grupo I | Grupo II | Grupo III | |
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Acúmulo de muco nas células acinares | 2,57±0,53 | 1,71±0,75 | 0,57±0,53 |
Acúmulo de muco no lúmen dos dutos intercalados | 1,42±0,53 | 2,00±0,81 | 1,00±0,57 |
Acúmulo de grânulos citoplasmáticos | 1,71±0,48 | 1,28±0,75 | 1,28±0,95 |
Dilatação no lúmen dos dutos intercalados | 1,28±0,48 | 1,57±0,53 | 0,28±0,48 |
Contagem das células mioepiteliais | 1,71±0,75 | 1,71±0,75 | 1,85±0,69 |
As secreções são produzidas nas glândulas salivares por estruturas compostas de células mucosas e serosas chamadas ácinos. Cada ácino abre‐se em um duto intercalado, que por sua vez drena em um duto estriado. Células mioepiteliais são encontradas nas lâminas basais do epitélio próximo ao ácino e na lâmina basal do epitélio do canal. Os ácinos e os dutos intercalados são circundados por células mioepiteliais.8,9 A glândula parótida é composta de células acinares serosas que contêm grânulos translúcidos intensos intracitoplasmáticos que produzem uma secreção puramente serosa.10
Alterações na estrutura histológica da glândula parótida são observadas em tumores, condições inflamatórias, doenças sistêmicas e após tratamento com radiação; portanto, a função secretora da glândula se deteriora.11 No presente estudo, a perda da função da glândula submandibular mostrou causar uma dilatação proporcional do lúmen dos dutos intercalados (fig. 2). Semelhantemente ao nosso estudo, a dilatação da luz dos dutos intercalados também é observada na sialolitíase e no consumo excessivo de álcool.12,13 Metaplasia escamosa no epitélio, inflamação crônica intermediária a grave e graus variados de destruição acinar foram relatados em material de biópsia obtido de uma glândula com sialolitíase.12 Esses achados extras na sialolitíase não são apresentados em nosso próprio trabalho, o que provavelmente se deve ao fato de o tempo de estudo ter sido limitado a apenas um mês. Contrariamente ao nosso estudo, o acúmulo de grânulos intracitoplasmáticos é um achado importante do consumo excessivo de álcool.13
(A) Dilatação no lúmen dos dutos intercalados nas células acinares da glândula parótida do grupo de excisão unilateral da glândula submandibular (200×, microscópio óptico; H&E). (B) Dilatação no lúmen dos dutos intercalados nas células acinares da glândula parótida do grupo de excisão bilateral da glândula submandibular (200×, microscópio óptico; H&E). ↓, Lúmen do duto intercalado.
A principal ectasia ductal da glândula salivar é um dos achados histopatológicos da síndrome de Sjögren e doenças infecciosas.14,15 Além isso, fibrose intersticial e alterações metaplásicas são a base dos danos às glândulas causados por radioterapia.16 Embora esses achados não sejam observados em nosso estudo, o acúmulo de muco é outro resultado importante do exame histopatológico. O acúmulo de muco nas células acinares foi maior nos animais com excisão unilateral e bilateral da glândula submandibular em comparação com o grupo controle e houve diferença estatisticamente significante entre os grupos unilateral e bilateral (fig. 3). O acúmulo de muco no lúmen dos dutos intercalados também foi maior nos animais com excisão bilateral da glândula submandibular em comparação com o grupo controle.
(A) Acúmulo de muco nas células acinares da glândula parótida no grupo de excisão unilateral da glândula submandibular (400×, microscópio óptico, H&E). (B) Acúmulo de muco nas células acinares da glândula parótida do grupo de excisão bilateral da glândula submandibular (400×, microscópio óptico, H&E).
A excisão unilateral ou bilateral da glândula submandibular resulta em alterações histopatológicas na glândula parótida após um curto período. Quando as alterações histopatológicas causadas por outras doenças que afetam a glândula salivar são consideradas, a dilatação do lúmen dos dutos intercalados em nosso estudo foi consistente com os achados nas doenças das glândulas salivares relacionadas a processos infecciosos e uso excessivo de álcool. A causa das alterações histopatológicas nas glândulas parótidas após um curto período (um mês) pode ser explicada pelo excesso de funcionamento das glândulas parótidas, pois elas devem compensar a grande carga de trabalho previamente feita pela glândula submandibular.
O presente estudo pode ser considerado um bom modelo para avaliar os efeitos em curto prazo da diminuição da função da glândula submandibular na glândula parótida. No entanto, estudos adicionais são necessários para avaliar os efeitos em longo prazo, como metaplasia e outros.
Conflitos de interesseOs autores declaram não haver conflitos de interesse.
Como citar este artigo: Yıldırım YS, Kaygusuz I, Ozercan IH, Cetiner H, Sakallioglu O, Akyigit A, et al. Histopathological changes in parotid gland following submandibular gland failure: an experimental animal study. Braz J Otorhinolaryngol. 2019;85:422–6.
A revisão por pares é da responsabilidade da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico‐Facial.