An air traffic controller is a professional who performs air traffic control functions in air traffic control units and is responsible for controlling the various stages of a flight.
ObjectiveTo compare hoarseness and vocal tract discomfort and their risk factors among air traffic controllers in the approach control of São Paulo.
MethodsIn a cross‐sectional survey, a voice self‐evaluation adapted from to self‐evaluation prepared by the Brazilian Ministry of Labor for teachers was administered to 76 air traffic controllers at approach control of São Paulo, Brazil.
ResultsThe percentage of hoarseness and vocal tract discomfort was 19.7% and 38.2%, respectively. In relation to air pollution, the percentages of hoarseness and vocal tract discomfort were higher among those who consider their working environment to be intolerable than among those in a comfortable or disturbing environment. The percentage of hoarseness was higher among those who seek medical advice due to vocal complaints and among those who experience difficulty using their voice at work than among those who experience mild or no difficulty. The percentage of vocal tract discomfort was higher among those in a very tense and stressful environment than among those who consider their work environment to be mild or moderately tense and stressful. The percentage of vocal tract discomfort was higher among those who describe themselves as very tense and stressed or tense and stressed than among those who describe themselves as calm. Additionally, the percentage of vocal tract discomfort was higher among those who care about their health.
ConclusionAmong air traffic controllers, the percentage of vocal tract discomfort was almost twice that of hoarseness. Both symptoms are prevalent among air traffic controllers who considered their workplace intolerable in terms of air pollution. Vocal tract discomfort was related to a tense and stressful environment, and hoarseness was related to difficulty using the voice at work.
O controlador de tráfego aéreo é um profissional que executa funções de controle de tráfego aéreo em unidades de controle de tráfego aéreo e são responsáveis por controlar as várias fases de um voo.
ObjetivoComparar a rouquidão e o desconforto no trato vocal e seus fatores de risco em controladores de tráfego aéreo no centro de controle de aproximação de São Paulo.
MétodoEm um estudo transversal, uma autoavaliação de voz adaptada da autoavaliação preparada pelo Ministério do Trabalho para professores foi administrada a 76 profissionais do centro de controle de aproximação de São Paulo, Brasil.
ResultadosA porcentagem de rouquidão e desconforto no trato vocal foi de 19,7% e 38,2%, respectivamente. Em relação à poluição do ar, as porcentagens de rouquidão e desconforto no trato vocal foram maiores entre aqueles que consideram seu ambiente de trabalho como intolerável do que entre aqueles em um ambiente confortável ou incômodo. A porcentagem de rouquidão foi maior entre aqueles que procuram assistência médica devido a queixas vocais e entre aqueles que têm dificuldade de usar a voz no trabalho do que entre aqueles que experimentam dificuldade leve ou não apresentam dificuldades. A porcentagem de desconforto no trato vocal foi maior entre aqueles em um ambiente muito tenso e estressante do que entre aqueles que consideram seu ambiente de trabalho leve ou moderadamente tenso e estressante. A porcentagem de desconforto no trato vocal foi maior entre aqueles que se descrevem como muito tensos e estressados ou tensos e estressados do que entre aqueles que se descrevem como calmos. Além disso, a porcentagem de desconforto no trato vocal foi maior entre aqueles que se preocupam com sua saúde.
ConclusãoEntre os controladores de tráfego aéreo, a porcentagem de desconforto no trato vocal foi quase o dobro da rouquidão. Ambos os sintomas são prevalentes entre os controladores de tráfego aéreo que consideram o seu local de trabalho intolerável em termos de poluição do ar. O desconforto no trato vocal foi associado a um ambiente tenso e estressante e a rouquidão foi associada à dificuldade de usar a voz no trabalho.
O uso profissional da voz é definido como a comunicação oral por pessoas que dependem da voz para fazer as atividades de trabalho.1 Aproximadamente um terço das profissões atuais usa a voz em graus variados.2 Entre os profissionais que dependem de suas vozes, os professores são o foco da maioria dos estudos sobre uso profissional da voz.3–10
Entre outros trabalhadores que fazem uso profissional da voz, os controladores de tráfego aéreo (CTA) têm sido o foco de poucos estudos sobre problemas de voz e competência de comunicação.11
Um CTA é um profissional que desempenha funções de controle de tráfego aéreo em unidades de controle de tráfego aéreo sob o Comando Aeronáutico Brasileiro. Esses profissionais são responsáveis pelo controle das várias etapas de um voo.12
Uma aeronave normalmente passa por três níveis de controle de tráfego entre a decolagem e o pouso. A torre é responsável pela aeronave até perder contato visual, enquanto o Controle de Aproximação (APP) e o Centro de Controle de Área (ACC) são responsáveis pela direção do avião no ar.11
A função dos controladores de APP é assegurar uma distância mínima entre os aviões sob seu comando perto do aeroporto e indicar por rádio as coordenadas (headings), velocidades e altitudes que o piloto deve adotar para voar com a máxima segurança e evitar colisões.12 Essa é uma tarefa altamente dinâmica que requer a atenção especial desses controladores porque, além de fornecer a sequência final para o pouso, os CTA devem manter uma distância entre a aeronave que pousa daquelas que decolam. Sua voz é, portanto, de extrema importância e quaisquer alterações vocais que influenciem a transmissão de sua voz para os pilotos, mesmo que temporárias, podem colocar em risco centenas de vidas.11
O Controle de Aproximação de São Paulo (APP‐SP) é responsável por uma área de aproximadamente 260km e foi responsável pelo movimento de 320.179 aeronaves em 2015, o que representa 17,6% do movimento anual de aeronaves em aeroportos administrados pela Companhia Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária.13
Os CTA que trabalham nessa área de controle, portanto, tendem a apresentar maior risco de disfonia porque, além do estresse natural de seu trabalho, estão sujeitos a maiores demandas sobre suas vozes do que aquelas experimentadas por CTA de outros órgãos operacionais.11
Recentemente usamos uma pesquisa de autoavaliação de voz, elaborada pelo Ministério do Trabalho para professores,14 para obter um perfil epidemiológico de queixas de voz (rouquidão e desconforto no trato vocal) e fatores de risco em professores universitários.6–8 Professores universitários apresentam alta porcentagem de rouquidão e desconforto no trato vocal (39,6% e 50,8%, respectivamente). Fatores como tempo de ensino, gênero, organização do trabalho, condições de trabalho, além de hábitos e estilo/qualidade de vida estão relacionados a esses sintomas autorrelatados.7,8
Em outro estudo recente sobre o Controle de Aproximação de São Paulo (APP‐SP), Villar et al.11 usaram uma análise perceptual‐auditiva da vogal /a/ e observaram que uma alta porcentagem de CTA apresentava alterações vocais (44%), mesmo em um grupo de indivíduos sem queixas vocais.
Não encontramos estudo sobre autoavaliação em CTA. O uso dessa autoavaliação de voz adaptada para CTA pode fornecer informações sobre a prevalência de rouquidão e desconforto no trato vocal e fatores de risco relacionados nesse importante grupo de usuários profissionais da voz.
O objetivo deste estudo é comparar a rouquidão autopercebida e o desconforto no trato vocal e os fatores de risco em Controladores de Tráfego Aéreo (CTA) no Controle de Aproximação de São Paulo (APP‐SP).
MétodoEste estudo transversal foi analisado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (CAAE 49357115.6.0000.5505) e foi autorizado pelo Comando Brasileiro de Aeronáutica, a partir do qual os dados foram coletados.
Formulários de autoavaliação de voz, elaborados pelo Ministério do Trabalho para professores14 e adaptados para CTA foram completados pelos 76 CTA pertencentes à APP‐SP por um mês em 2016.
As variáveis analisadas relacionadas à rouquidão e ao desconforto no trato vocal foram selecionadas dos formulários de autoavaliação e agrupadas da seguinte forma:
- •
Variáveis de identificação: idade, sexo e tempo de trabalho como CTA (em anos);
- •
Variáveis de organização do trabalho: atividades profissionais além de CTA e atividade profissional que consome mais tempo;
- •
Variáveis do local de trabalho: ruído, poluição do ar, ar condicionado (os CTA escolheram entre três opções: confortável, tolerável e intolerável); e estresse e ansiedade devido à atividade (três opções: leve, moderada e muito tensa e estressante);
- •
Variáveis de cuidados com a voz: cuidados ou medicação para a garganta ou voz, busca de atendimento médico por causa de sintomas vocais e o grau de dificuldade de usar a voz durante o trabalho (nenhum, leve, moderado e grave);
- •
Variáveis de hábitos e estilo/qualidade de vida fora da APP: uso da voz, estresse e ansiedade (calmo, tenso e ansioso, e muito tenso e ansioso), consumo de água/hidratação, dieta, tabagismo, consumo de álcool, consumo de café e cuidados com a saúde (distraído, controlado/cuidadoso ou preocupado).
Foram consideradas diferenças nas taxas de rouquidão e de desconforto no trato vocal para cada variável. As análises estatísticas foram feitas com o pacote estatístico SPSS para Windows, versão 13.0. O teste t de Student foi usado para comparar as taxas de rouquidão e desconforto no trato vocal com as variáveis numéricas; o teste do qui‐quadrado foi usado para comparar a rouquidão e o desconforto no trato vocal com as variáveis categóricas; e o teste exato de Fisher ou teste de razão de verossimilhança foi usado quando necessário. Usou‐se um nível de significância de 5% (p <0,05).
ResultadosA incidência de rouquidão e desconforto no trato vocal na amostra de 76 CTA foi de 19,7% e 38,2%, respectivamente. Dos CTA, 13,16% apresentaram os dois sintomas. O tempo médio e desvio‐padrão do tempo trabalhando como CTA foi de 7,8±6,6 anos (variação de um a 37 anos). A idade dos CTA era de 29,2±6,5 anos e eram predominantemente do sexo masculino (57,9%).
Variáveis de identificação e de organização do trabalhoNão foram observadas diferenças estatisticamente significantes nas taxas de rouquidão e desconforto no trato vocal para as variáveis de identificação e de organização do trabalho (tabelas 1 e 2, respectivamente).
Comparação de variáveis de identificação relacionadas à rouquidão e ao desconforto no trato vocal
Variáveis | Rouquidão | p‐valor | Desconforto no trato vocal. | p‐valor | ||
---|---|---|---|---|---|---|
Sim | Não | Sim | Não | |||
Tempo de trabalho em anos como CTA | ||||||
Média (DP) | 7,3 (3) | 8 (7,3) | 0,708b | 8,2 (5) | 7,6 (7,5) | 0,741b |
Mediana (Mín.‐Máx.) | 7 (3‐14) | 7 (1‐37) | 7 (2‐25) | 6 (1‐37) | ||
Total | 15 | 61 | 29 | 47 | ||
Idade | ||||||
Média (DP) | 28,5 (3,3) | 29,4 (7,1) | 0,626b | 29,9 (6,5) | 28,8 (6,6) | 0,454b |
Mediana (Mín.‐Máx.) | 29 (24‐35) | 27 (22‐55) | 28 (23‐48) | 27 (22‐55) | ||
Total | 15 | 61 | 29 | 47 | ||
Gênero (porcentagem da população entre parênteses) | ||||||
Feminino | 9 (60) | 23 (37,7) | 0,202a | 13 (44,8) | 19 (40,4) | 0,890a |
Masculino | 6 (40) | 38 (62,3) | 16 (55,2) | 28 (59,6) | ||
Total | 15 (100) | 61 (100) | 29 (100) | 47 (100) |
Comparação de variáveis de organização do trabalho relacionadas à rouquidão e desconforto no trato vocal
Variáveis | Rouquidão | p‐valor | Desconforto no trato vocal | p‐valor | ||
---|---|---|---|---|---|---|
Sim | Não | Sim | Não | |||
Outras atividades profissionais que não sejam CTA | ||||||
Sim | 0 (0) | 9 (14,8) | 0,191a | 2 (6,9) | 7 (14,9) | 0,469a |
Não | 15 (100) | 52 (85,2) | 27 (93,1) | 40 (85,1) | ||
Total | 15 (100) | 61 (100) | 29 (100) | 47 (100) | ||
Atividade profissional que consome mais tempo | ||||||
CTA | 0 (0) | 6 (66,7) | Não calculado | 2 (100) | 4 (57,1) | 0,500a |
Outras | 0 (0) | 3 (33,3) | 0 (0) | 3 (42,9) | ||
Total | 0 (0) | 9 (100) | 2 (100) | 7 (100) |
Em termos de poluição do ar, a porcentagem de desconforto no trato vocal foi maior entre aqueles que consideravam o local de trabalho intolerável do que entre aqueles que consideravam seu local de trabalho confortável e tolerável.
A porcentagem de desconforto no trato vocal também foi maior entre aqueles que consideravam seu local de trabalho um ambiente muito tenso e estressante do que aqueles que consideravam seu local de trabalho um ambiente leve ou moderadamente tenso e estressante.
Não foram observadas diferenças estatisticamente significantes na taxa de rouquidão e desconforto no trato vocal para as demais variáveis (tabela 3).
Comparação de variáveis do local de trabalho relacionadas à rouquidão e ao desconforto no trato vocal
Variáveis | Rouquidão | p‐valor | Desconforto no trato vocal | p‐valor | ||
---|---|---|---|---|---|---|
Sim | Não | Sim | Não | |||
Local de trabalho em termos de ruído | ||||||
1. Confortável | 0 | 2 | 0 | 2 | ||
2. Tolerável | 8 (53,3) | 40 (67,8) | 0,456a | 15 (51,7) | 33 (73,3) | 0,099a |
3. Intolerável | 7 (46,7) | 19 (32,2) | 14 (48,3) | 12 (26,7) | ||
Total | 15 (100) | 59 (100) | 29 (100) | 45 (100) | ||
Local de trabalho em termos de ar condicionado | ||||||
1. Confortável | 1 (6,7) | 10 (16,4) | 0,425a | 4 (13,8) | 7 (14,9) | 0,292a |
2. Tolerável | 7 (46,7) | 32 (52,5) | 12 (41,4) | 27 (57,4) | ||
3. Intolerável | 7 (46,7) | 19 (31,1) | 13 (44,8) | 13 (27,7) | ||
Total | 15 (100) | 61 (100) | 29 (100) | 47 (100) | ||
Local de trabalho em termos de poluição do ar | ||||||
1. Confortável | 1 (6,7) | 13 (21,3) | 0,042a | 2 (6,9) | 12 (25,5) | 0,014a |
2. Tolerável | 7 (46,7) | 38 (62,3) | 16 (55,2) | 29 (61,7) | ||
3. Intolerável | 7 (46,7) | 10 (16,4) | 11 (37,9) | 6 (12,8) | ||
Total | 15 (100) | 61 (100) | 29 (100) | 47 (100) | ||
Local de trabalho em termos de estresse e ansiedade | ||||||
Levemente tenso e estressante | 0 | 1 | 0 | 1 | ||
Moderadamente tenso e estressante | 7 (46,7) | 24 (40,0) | 0,860a | 6 (20,7) | 25 (54,3) | 0,008a |
Muito tenso e estressante | 8 (53,3) | 36 (60,0) | 23 (79,3) | 21 (45,7) | ||
Total | 15 (100) | 60 (100) | 29 (100) | 46 (100) |
As categorias em amarelo foram excluídas da análise porque havia três ou menos controladores de tráfego aéreo no grupo.
A porcentagem de rouquidão foi maior entre aqueles que haviam procurado cuidados médicos por causa da rouquidão. A porcentagem de rouquidão também foi maior entre aqueles que experimentaram dificuldade moderada no trabalho devido a problemas vocais.
Não foram observadas diferenças estatisticamente significantes na taxa de rouquidão e desconforto no trato vocal para a outra variável (tabela 4).
Comparação de variáveis de cuidado vocal relacionadas à rouquidão e ao desconforto no trato vocal
Variáveis | Rouquidão | p‐valor | Desconforto no trato vocal. | p‐valor | ||
---|---|---|---|---|---|---|
Sim | Não | Sim | Não | |||
Grau de dificuldade no uso da voz durante o trabalho | ||||||
Nenhum | 4 (26,7) | 27 (44,3) | <0,001a | 8 (27,6) | 23 (48,9) | 0,115a |
Leve | 3 (20) | 30 (49,2) | 14 (48,3) | 19 (40,4) | ||
Moderado | 8 (53,3) | 4 (6,6) | 7 (24,1) | 5 (10,6) | ||
Total | 15 (100) | 61 (100) | 29 (100) | 47 (100) | ||
Cuidados ou medicamentos para a garganta ou a voz | ||||||
Sim | 0 (0) | 9 (14,8) | 0,191a | 4 (13,8) | 5 (10,6) | 0,725a |
Não | 15 (100) | 52 (85,2) | 25 (86,2) | 42 (89,4) | ||
Total | 15 (100) | 61 (100) | 29 (100) | 47 (100) | ||
Busca de cuidados médicos por causa de sintomas vocais | ||||||
Sim | 4 (26,7) | 3 (4,9) | 0,025a | 4 (13,8) | 3 (6,4) | 0,417a |
Não | 11 (73,3) | 58 (95,1) | 25 (86,2) | 44 (93,6) | ||
Total | 15 (100) | 61 (100) | 29 (100) | 47 (100) |
A porcentagem de desconforto no trato vocal foi maior entre aqueles que eram estressados e ansiosos ou muito tensos e ansiosos do que entre aqueles que eram calmos. Além disso, a porcentagem de desconforto no trato vocal foi maior entre aqueles que se preocupavam com cuidados de saúde.
Não foram observadas diferenças estatisticamente significantes nas taxas de rouquidão e desconforto no trato vocal para as demais variáveis (tabela 5).
Comparação de variáveis hábitos e estilo/qualidade de vida relacionadas à rouquidão e ao desconforto no trato vocal
Variáveis | Rouquidão | p‐valor | Desconforto no trato vocal | p‐valor | ||
---|---|---|---|---|---|---|
Sim | Não | Sim | Não | |||
Em termos de uso de voz dentro e/ou fora do local de trabalho, você se descreve como uma pessoa que | ||||||
1. Fala pouco (introvertida) | 3 (20) | 9 (14,8) | 0,806b | 5 (17,2) | 7 (14,9) | 0,954a |
2. Fala moderadamente (comunicativa) | 8 (53,3) | 38 (62,3) | 17 (58,6) | 29 (61,7) | ||
3. Fala muito (tagarela) | 4 (26,7) | 14 (23) | 7 (24,1) | 11 (23,4) | ||
Total | 15 (100) | 61 (100) | 29 (100) | 47 (100) | ||
Em termos de estresse e ansiedade, você se qualifica como uma pessoa | ||||||
1. Calma | 4 (26,7) | 31 (50,8) | 0,118a | 8 (27,6) | 27 (57,4) | 0,032a |
2. Tensa e ansiosa | 7 (46,7) | 24 (39,3) | 15 (51,7) | 16 (34) | ||
3. Muito tensa e ansiosa | 4 (26,7) | 6 (9,8) | 6 (20,7) | 4 (8,5) | ||
Total | 15 (100) | 61 (100) | 29 (100) | 47 (100) | ||
Em termos de quanta água você bebe/hidratação, você se qualifica como uma pessoa que | ||||||
1. Bebe pouco líquido (esquece ou não sente sede e urina menos de 3×por dia) | 2 (13,3) | 12 (19,7) | 0,448b | 4 (13,8) | 10 (21,3) | 0,614a |
2. Bebe moderadamente (1 a 2 L/dia) | 9 (60) | 41 (67,2) | 21 (72,4) | 29 (61,7) | ||
3. Bebe muito líquido (> 2 L/dia) | 4 (26,7) | 8 (13,1) | 4 (13,8) | 8 (17) | ||
Total | 15 (100) | 61 (100) | 29 (100) | 47 (100) | ||
Em termos de alimentação, você se qualifica como uma pessoa que | ||||||
1. Come pouco (< 3 refeições/dia) | 1 (6,7) | 6 (9,8) | 0,451b | 3 (10,3) | 4 (8,5) | 0,965b |
2. Come moderadamente (come 3 refeições/dia) | 9 (60) | 44 (72,1) | 20 (69) | 33 (70,2) | ||
3. Come muito (não controla a gula e reconhece isso como um problema) | 5 (33,3) | 11 (18) | 6 (20,7) | 10 (21,3) | ||
Total | 15 (100) | 61 (100) | 29 (100) | 47 (100) | ||
Cigarros (tabagismo) | ||||||
1. Sim | 0 (0) | 3 (4,9) | 0,197b | 2 (6,9) | 1 (2,1) | 0,518b |
2. Não | 15 (100) | 54 (88,5) | 26 (89,7) | 43 (91,5) | ||
3. Ex‐fumante | 0 (0) | 4 (6,6) | 1 (3,4) | 3 (6,4) | ||
Total | 15 (100) | 61 (100) | 29 (100) | 47 (100) | ||
Álcool | ||||||
1. Sim | 4 (26,7) | 22 (36,1) | 0,701a | 10 (34,5) | 16 (34) | 1,000a |
2. Não | 11 (73,3) | 39 (63,9) | 19 (65,5) | 31 (66) | ||
Total | 15 (100) | 61 (100) | 29 (100) | 47 (100) | ||
Café | ||||||
1. Sim | 10 (66,7) | 43 (70,5) | 0,762c | 21 (72,4) | 32 (68,1) | 0,887a |
2. Não | 5 (33,3) | 18 (29,5) | 8 (27,6) | 15 (31,9) | ||
Total | 15 (100) | 61 (100) | 29 (100) | 47 (100) | ||
Em termos de cuidados de saúde, você se considera: | ||||||
1. Distraído | 5 (33,3) | 16 (26,2) | 0,298b | 9 (31) | 12 (25,5) | 0,044a |
2. Controlado/cuidadoso | 6 (40) | 37 (60,7) | 12 (41,4) | 31 (66) | ||
3. Preocupado | 4 (26,7) | 8 (13,1) | 8 (27,6) | 4 (8,5) | ||
Total | 15 (100) | 61 (100) | 29 (100) | 47 (100) |
Em sua revisão sistemática, Cantor Cultiva et al.15 encontraram uma ampla variação na prevalência de distúrbios de voz e sugeriram que essa variação pode ser devido ao uso de termos genéricos como “queixas vocais” e “sintomas vocais” para descrever esses distúrbios. Assim, ficamos interessados em usar a pesquisa de autoavaliação de voz reformulada pelo Ministério do Trabalho, que examina sintomas como rouquidão e desconforto no trato vocal para obter um perfil epidemiológico das queixas vocais e fatores de risco no cenário de CTA. No presente estudo, a incidência de desconforto no trato vocal foi quase o dobro da rouquidão, 38,2% e 19,7%, respectivamente.
Em comparação com os professores universitários que usam quase a mesma autoavaliação de voz, a prevalência de rouquidão e desconforto do trato vocal nos CTA foi menor (19,7% vs. 39,6% e 38,2% vs. 50,8%, respectivamente).6,7
Uma comunicação efetiva é essencial entre os pilotos e os CTA. Além disso, os CTA trabalham em uma profissão em que qualquer distúrbio na comunicação durante os voos pode levar a uma falha de entendimento e comprometer importantes informações de voo.
Um estudo anterior relatou a presença de disfonia em 44% dos CTA, os quais nem sempre estavam conscientes da presença desse desvio vocal. O ambiente de trabalho e a presença de fatores de risco, além de altos níveis de estresse e grande demanda vocal, são combinações que podem levar à ocorrência de disfonia. Se o principal motivo para procurar cuidados médicos é estar consciente de um problema, deve‐se considerar que os CTA podem não entender a gravidade da presença de disfonia, o que adia o diagnóstico e aumenta o risco de uma falha de comunicação entre os CTA e pilotos.
Neste estudo, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas nas taxas de rouquidão e desconforto no trato vocal para as variáveis “tempo de trabalho como CTA”, “idade”, “gênero”, “atividades profissionais além de CTA” e “atividades profissionais que consomem mais tempo”. Aproximadamente 15% dos CTA relataram outras atividades profissionais, o que é uma taxa muito menor do que em uma amostra de professores universitários de uma instituição privada de São Paulo.6
Em relação ao local de trabalho, a porcentagem de ambos os sintomas foi maior entre os CTA que consideravam a poluição do ar intolerável. Muitos estudos observaram correlações entre queixas vocais e qualidade do ar em professores;16–19 isso foi especificamente observado em um estudo‐piloto com um teste provocativo por inalação.20 Além disso, a porcentagem de desconforto no trato vocal foi maior entre aqueles que consideravam seu local de trabalho um ambiente muito tenso e estressante. Nerrière et al. encontraram uma associação entre estresse psicológico e problemas de voz.21 De fato, deve‐se notar que o estresse está associado a um padrão de fonação devido ao maior esforço dos músculos laríngeos, que geralmente é associado à constrição do trato vocal e vibração deficiente da prega vocal, o que reduz a eficiência da produção e projeção da voz. A compensação no trato vocal pode ser frequente, contribui para a pioria na produção de voz.
Embora não houvesse associação entre os sintomas vocais e o local de trabalho em termos de ruído, Ishikawa et al. (2017)22 observaram que a fala disfônica é relativamente mais difícil de entender na presença de ruído de fundo em comparação com a fala normal.
Entre os CTA, uma pequena porcentagem (14,8%) relatou receber cuidados ou tomar medicamentos para a garganta e/ou a voz. Adicionalmente, apenas 9,2% procuraram cuidados médicos por causa de sintomas vocais. Além disso, a porcentagem de rouquidão foi maior entre aqueles que experimentavam dificuldade moderada por causa de problemas vocais, o que pode explicar a maior porcentagem de rouquidão entre aqueles que procuraram cuidados médicos por causa da rouquidão. Como afirmado anteriormente em estudos com professores universitários,7 é interessante como sintomas vocais específicos influenciam acentuadamente o fato de os indivíduos procurarem cuidados médicos.
Em contraste, a porcentagem de desconforto no trato vocal foi maior entre aqueles que eram estressados e ansiosos e entre aqueles preocupados com o cuidado de sua saúde.
Esses achados justificam a necessidade de maior cuidado e orientação dados aos CTA, não apenas no local de trabalho, mas em qualquer ambiente.
As limitações deste estudo incluem o fato de que a amostra veio de um único APP; portanto, esses dados não podem ser generalizados para controladores de tráfego aéreo em outros APPs em todo o país.
ConclusãoEntre os CTA, a porcentagem de desconforto no trato vocal foi quase o dobro da rouquidão. Ambos os sintomas estavam presentes em CTA que consideravam seu local de trabalho como um ambiente intoleravelmente poluído. O desconforto no trato vocal estava relacionado a ambientes tensos e estressantes e a rouquidão estava relacionada à dificuldade de usar a voz no trabalho.
Conflitos de interesseOs autores declaram não haver conflitos de interesse.
Como citar este artigo: Korn GP, Villar AC, Azevedo RR. Hoarseness and vocal tract discomfort and associated risk factors in air traffic controllers. Braz J Otorhinolaryngol. 2019;85:329–36.
A revisão por pares é da responsabilidade da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico‐Facial.