O canal vidiano atua como ponto de referência para a identificação da artéria carótida petrosa, especialmente durante abordagens endoscópicas endonasais extensas em cirurgias de base do crânio. Este estudo foi projetado com o objetivo de localizar o canal vidiano e entender a relação da pneumatização do processo pterigoide sobre o tipo de canal.
ObjetivosDescrever a relação anatômica da pneumatização do processo pterigoide com os tipos de canal vidiano. Foram avaliados o comprimento do canal vidiano, a relação com a placa medial do processo pterigoide e com a porção petrosa da artéria carótida interna.
MétodoForam estudadas tomografias computadorizadas de 52 indivíduos submetidos a tomografia computadorizada de cabeça por suspeita de doença em seio paranasal. Foram observados o grau de pneumatização do seio esfenoidal, a pneumatização do processo pterigoide e os tipos de canal vidiano (Tipos 1, 2 e 3). Observou‐se o comprimento do canal vidiano, a distância do plano da placa pterigoide medial e a relação do canal vidiano com a junção da porção petrosa e gasseriana (ascendente) da artéria carótida interna.
ResultadosEram do tipo selar 46 (92%) seios esfenoidais. Dos 104 lados estudados, 57 eram do processo pterigoide pneumatizado e 47 não eram pneumatizados. Em 49 lados (47,1%), o canal vidiano estava no mesmo plano que o da placa pterigoide medial na seção coronal. O canal vidiano em protusão parcial no seio esfenoidal (tipo 2) foi o tipo mais comum (50,9%), encontrado nos lados direito e esquerdo. Houve uma associação estatisticamente significante entre a pneumatização do processo pterigoide e a ocorrência da configuração do canal vidiano tipo 2 e tipo 3. O comprimento médio do canal vidiano foi de 16,16±1,8mm. Em 96 lados, a extremidade anterior do canal vidiano era inferolateral à porção petrosa da artéria carótida interna no plano coronal.
ConclusãoA pneumatização do processo pterigoide indica a configuração do canal vidiano tipo 2 ou tipo 3.
O canal vidiano ou canal pterigoide é um túnel ósseo próximo à base do seio esfenoidal. O nervo petroso superficial maior e os nervos petrosos profundos se unem para formar o nervo vidiano. O nervo petroso superficial maior transporta as fibras parassimpáticas do geno do nervo facial. O nervo petroso profundo transporta as fibras simpáticas do plexo ao redor da artéria carótida interna (ACI). Juntamente com o nervo vidiano, a artéria do canal pterigoide (artéria vidiana), um ramo da porção pterigopalatina da artéria maxilar, também passa pelo canal vidiano. O túnel ósseo pode ser um túnel ósseo completo ou pode haver deiscência ao longo do caminho, o que expõe o conteúdo ao seio esfenoidal. A localização do canal vidiano em cortes de imagem durante a tomografia computadorizada (TC) é importante na avaliação de doenças dos seios paranasais.1,2
O canal vidiano está localizado na junção do processo pterigoide e no corpo do osso esfenoide.3 O grau de pneumatização do processo pterigoide influencia a posição relativa do canal vidiano e pode determinar indiretamente o tipo de canal vidiano.4 O canal vidiano pode estar completamente incorporado na massa óssea da base esfenoidal, projetar‐se parcialmente da base ou projetar‐se completamente para dentro do seio.5
O canal vidiano atua como ponto de referência para a identificação da artéria carótida petrosa, especialmente durante abordagens endonasais endoscópicas estendidas em cirurgias de base do crânio.6 A abordagem endonasal estendida é usada para acessar a fossa craniana média, a porção média do clivus e partes do seio cavernoso.7 A identificação do geno anterior da artéria carótida interna é importante durante essas abordagens estendidas.8 O canal vidiano é constantemente relacionado à porção petrosa da artéria carótida interna. O canal vidiano indica o ponto de transição da porção petrosa horizontal da artéria carótida interna e do segmento paraclival vertical no forame lacero. Existem muitos relatos que detalham as distâncias relativas do canal vidiano a partir de importantes pontos de referência nas proximidades, como o forame rotundo, o forame lacero, o canal palatovaginal, as paredes do seio esfenoidal superior e inferior e a crista vomeriana.4–6,9
Com o advento das cirurgias endoscópicas estendidas do seio esfenoidal para lesões relacionadas à sela, a anatomia e as relações relevantes dessa região ganharam muito interesse de pesquisa em todo o mundo. Nesse sentido, uma avaliação detalhada das estruturas do seio esfenoidal e selares em todos os pacientes é fundamental para a compreensão das variações individuais. Existem muitos relatos de pesquisa que destacam esses detalhes. Particularmente, a neurectomia vidiana endoscópica, um procedimento feito para rinite vasomotora, requer uma avaliação tomográfica pré‐operatória completa dos pacientes para selecionar a abordagem cirúrgica.10 Esse método está associado a uma menor morbidade do que a abordagem transantral tradicional ao conteúdo do canal vidiano, é a intervenção cirúrgica preferida para a rinite vasomotora, quando o tratamento clínico apresenta falha consistentemente.11,12 Além disso, para ressecar os tumores da fossa pterigopalatina, é muito importante o entendimento da localização do canal vidiano, variações e estruturas relacionadas, como posição e localização do forame rotundo na parede posterior da fossa pterigopalatina.13
A anatomia do canal vidiano, suas relações com o processo pterigoide e as variações são importantes para todas as cirurgias relacionadas à sela, para procedimentos de neurectomia endoscópica vidiana e lesões da fossa pterigopalatina. Entretanto, não há grandes estudos com dados tão valiosos para os cirurgiões. O canal vidiano e estruturas relacionadas não são rotineiramente identificados e relatados nos procedimentos de avaliação por TC do seio paranasal, a menos que uma doença específica seja avaliada. Portanto, este estudo foi criado com o objetivo de localizar facilmente o canal e entender a relação da pneumatização do processo pterigoide com o tipo de canal vidiano.
A pneumatização do processo pterigoide influencia o tipo de canal vidiano. Lee et al., enquanto estudavam técnicas para acesso cirúrgico à neurectomia vidiana, classificaram o canal vidiano em três tipos.14 Assim, o tipo 3 tem um canal completamente incorporado dentro do seio esfenoidal. O tipo 2 tem um canal incorporado parcialmente e o tipo 1 tem canais vidianos completamente incorporados ao assoalho do seio esfenoidal. Lee et al. verificaram que a variedade do tipo 2 é a configuração mais comum. Yegin et al., além dos tipos de canais vidianos, estudaram as diferentes configurações do assoalho do seio esfenoidal.2 Eles relataram uma incidência quase igual das variedades do tipo 1 e tipo 3. Além disso, observaram o canal vidiano deiscente em quase um quarto de todos as tomografias analisadas. Há uma grande disparidade nos relatos sobre os tipos de canais vidianos. Kazhayasi et al. também observaram que a pneumatização do processo pterigoide influencia o grau de protrusão do canal vidiano.15 Em seu relato, eles observaram uma grande variação nos tipos de canal vidiano nos lados individuais.
Há relatos que avaliam a relação da porção petrosa da artéria carótida interna com o canal vidiano. A artéria vidiana pode surgir da porção distal da artéria maxilar ou da porção petrosa da artéria carótida interna.16 Essa artéria participa de anastomoses na fossa pterigopalatina e na mucosa orofaríngea. O canal vidiano está consistentemente relacionado à segunda curva da porção petrosa da artéria carótida interna, que passa através do canal carotídeo e entra no forame lacerado. As fibras simpáticas passam dentro da túnica adventícia da artéria, como o nervo petroso profundo, e se conectam ao nervo petroso maior. O nervo unido continua dentro de um canal ósseo, agora conhecido como nervo vidiano ou nervo do canal pterigoide.17 A relação do canal vidiano com o geno da artéria carótida interna petrosa tem sido inconsistentemente relatada. Adin et al. relata que a maioria dos canais (89%) é inferior à artéria carótida interna,18 enquanto Mason et al. relatam que 66% dos canais são inferiores à artéria carótida interna.19 Durante a avaliação de angiotomografias (angio‐TC) para segmentos da artéria carótida interna, a porção gasseriana (o segmento ascendente no seio cavernoso) é definida com base na localização e relação com o canal vidiano. A junção entre os segmentos petroso e gasseriano (ascendente) é marcada pela extremidade posterior do canal vidiano. Em um estudo que avaliou exclusivamente os segmentos da artéria carótida interna, encontrou‐se o canal vidiano diretamente abaixo dessa junção em 90% das tomografias.8 Como existem grandes variações nesses relatos e não existem dados substanciais da população indiana, este estudo foi criado para avaliar a relação do canal vidiano com a parte petrosa da artéria carótida interna.
Com esse fundamento, o presente estudo foi criado com o objetivo de descrever a relação anatômica da pneumatização do processo pterigoide com tipos de canal vidiano. Foram avaliados o comprimento do canal vidiano, a relação com a placa medial do processo pterigoide e a porção petrosa da artéria carótida interna.
MétodoForam estudadas imagens por tomografia computadorizada (TC) de 52 indivíduos submetidos à avaliação radiológica da cabeça. O comitê de ética institucional aprovou (documento número AEC/Rev/2019/03 de 18/01/2019) a proposta antes do início do estudo com renúncia ao processo de consentimento informado. Os dados de identificação dos pacientes foram cuidadosamente preservados.
Critérios de inclusãoOs pacientes submetidos a um estudo de TC por suspeita de doença de seio paranasal foram estudados no departamento de radiodiagnóstico.
Critérios de exclusãoPacientes submetidos a intervenção cirúrgica corretiva devido a doenças de seio paranasal comprovada foram excluídos.
ImagensAs imagens de TC foram obtidas com o equipamento de TC Aquilion Prime de alta velocidade e 160 multislices (Toshiba Medical Systems, Índia). Os seguintes parâmetros de estudo foram aplicados: exposição 120kV, 74mA, 60 mAs; tempo de rotação 0,5s; espessura do corte 0,5mm.
Os dados de sexo e idade do paciente foram obtidos dos prontuários dos pacientes. As imagens foram analisadas em três planos – coronal, sagital e transversal. Todas as medidas foram feitas com a ferramenta de medição fornecida junto com a máquina. As medidas foram feitas em milímetros e o menor valor foi de 0,1mm. Todas as medidas bilaterais foram feitas simetricamente. O mesmo observador fez cada medição duas vezes; no caso de qualquer discrepância, a média dos dois valores foi registrada. Todas as medidas foram repetidas em todos os casos, primeiro pelo aluno e depois pelo preceptor.
Grau de pneumatização esfenoidalO seio esfenoidal foi classificado em três tipos, com base na pneumatização, avaliada pelo corte sagital da TC (tabela 1).
Tabulação dos parâmetros observados em relação ao canal vidiano, pneumatização do osso esfenoidal e placa pterigoide medial
Parâmetro | Lado direito | Lado esquerdo |
---|---|---|
Processo pterigoide pneumatizado | ||
Sim | 27 | 30 |
Não | 22 | 25 |
Relação do canal vidiano com a placa pterigoide medial | ||
Medial | 13 | 9 |
Lateral | 10 | 24 |
Mesmo plano | 29 | 20 |
Tipo de canal vidiano | ||
Tipo 1 | 20 | 16 |
Tipo 2 | 24 | 29 |
Tipo 3 | 8 | 7 |
Comprimento do canal vidiano | 16,32±1,68 mm | 16±1,97 mm |
Relação do CV com ACI | ||
Ínfero‐lateral | 48 | 48 |
Inferior | 4 | 4 |
ACI, artéria carótida interna.
O tipo sellar tem eio esfenoidal bem pneumatizado com indentação selar que se estende posteriormente até o clivus (variedade mais comum).
O tipo pré‐selar apresenta pneumatização moderada, sem indentação selar dentro do seio esfenoidal.
O tipo conchal não apresenta pneumatização do seio esfenoidal.
Pneumatização do processo pterigoideObservou‐se presença ou ausência de pneumatização do processo pterigoide. Se a pneumatização do seio esfenoidal se estendesse ao processo pterigoide, era considerado como processo pterigoide pneumatizado.
Relação do canal vidiano com a placa pterigoide medialObservou‐se a localização do canal vidiano medial, lateral ou no mesmo plano da placa pterigoide medial. A distância (em mm) da placa pterigoide medial foi medida separadamente no lado direito e no lado esquerdo.
Tipo de canal vidianoTrês tipos de canal vidiano foram definidos de acordo com Lee et al.14
- •
Tipo 1: canal vidiano localizado dentro do assoalho ósseo do seio esfenoidal.
- •
Tipo 2: canal vidiano projeta‐se parcialmente para dentro do seio esfenoidal.
- •
Tipo 3: canal vidiano projeta‐se totalmente para dentro do seio esfenoidal e uma haste presente.
O comprimento do canal vidiano foi medido no plano axial, desde a parede posterior da fossa pterigopalatina até o limite posterior do canal carotídeo. O comprimento foi medido ao longo do aspecto medial do canal vidiano.
A relação do canal vidiano com a porção petrosa da artéria carótida interna: foi observada a relação da extremidade anterior do canal vidiano com a artéria carótida interna (porção petrosa) no plano coronal. Os locais esperados foram o ínfero‐lateral, inferior e ínfero‐medial.
Cálculo do tamanho da amostraA pneumatização do processo pterigoide é mais comumente observada no canal vidiano do Tipo 3 (95%), conforme relatado em um estudo recente.5 Para um intervalo de confiança de 90% com precisão de 5%, com prevalência de 95%, o tamanho da amostra necessário é calculado como 52.
Análise estatísticaOs dados foram tabulados e analisados no programa MS Excel. Todos os dados contínuos foram expressos como média e desvio‐padrão. As comparações foram feitas pelo teste t de Student e valores <0,05 foram considerados significantes. A significância da associação entre o tipo de canal vidiano e a pneumatização do processo pterigoide foi observada com o teste de probabilidade exata de Fisher e o teste do qui‐quadrado.
ResultadosForam estudados 52 pacientes submetidos à tomografia computadorizada por suspeita de patologia paranasal, com média de 37,44 anos (desvio‐padrão±13,72, idade máxima 80 anos, idade mínima 15 anos). Desses, 30 eram do sexo masculino e 22 do feminino.
Eram do tipo selar 46 (92%) seios esfenoides e seis (12%) do tipo pré‐selar. Não encontramos o tipo de seio esfenoidal conchal. Dos 104 lados estudados, 57 eram processos pterigoides pneumatizados e 47 não eram pneumatizados. Em 49 lados (47,1%), o canal vidiano estava no mesmo plano do que o da placa pterigoide medial na seção coronal (fig. 1). Na maioria dos lados direitos, os canais vidianos estavam no mesmo plano que o da placa pterigoide medial. Entretanto, no lado esquerdo, o maior número de canais vidianos foi encontrado lateralmente à placa pterigoide medial. Nos casos em que o canal vidiano não estava no mesmo plano que a placa pterigoide medial, a distância desse plano foi medida. Foram encontrados canais vidianos a uma média de 2,09±1,04mm lateralmente ou 1,99±1,01mm medialmente à placa pterigoide medial.
O canal vidiano que se projetava parcialmente no seio esfenoidal (tipo 2) foi o tipo mais comum encontrado nos lados direito e esquerdo (fig. 2 mostra o mesmo no corte sagital). O tipo 2 foi encontrado em 50,9% dos lados estudados. O comprimento médio do canal vidiano foi de 16,16±1,8mm (fig. 3). Não houve diferença estatística entre os lados direito e esquerdo em relação ao comprimento do canal vidiano (teste t de Student, 0,37). A relação da extremidade anterior do canal vidiano com a artéria carótida interna (porção petrosa) no plano coronal foi ínfero‐lateral em 96 lados. O canal vidiano era inferior à artéria carótida interna em 8 lados.
Com uma tabela de contingência 2 × 3 (tabela 2), a significância da associação da pneumatização do processo pterigoide foi avaliada pelo teste de probabilidade exata de Fisher. O valor de PA foi de 0,000015 e PB foi 0,000015. O valor do teste do qui‐quadrado (df=2) foi 20,8. No geral, o valor de p foi de 0,00003. Isso indica uma associação estatisticamente significante entre a pneumatização do processo pterigoide e o tipo de canal vidiano. O valor V de Cramer dessa tabela foi de 0,4472, indica associação muito forte entre os níveis das variáveis de fileira e coluna.
DiscussãoComo o canal vidiano é uma estrutura profundamente enraizada na base do crânio, o delineamento de sua anatomia radiológica facilitará uma melhor compreensão das estruturas da fossa pterigopalatina. Definir o canal vidiano em relação à pneumatização do processo pterigoide e em relação à placa pterigoide medial facilita a identificação do canal.
Em nosso estudo, a configuração mais comum do canal vidiano foi o tipo 2. Isso está de acordo com Lee et al., em cujo estudo relataram 47% de incidência.14 Da mesma forma, Yazar et al.9 e Mohebbi et al.20 observaram que o tipo 2 era a configuração mais comum, com incidência de 54%. Além disso, relataram casos com septo ósseo dentro do canal vidiano. Provavelmente, isso divide o canal em duas partes, para nervos e vasos. Contrariando esses relatos, Liu et al. relataram mais configurações de canal vidiano tipo 1.21
De acordo com Yegin et al., a incidência do tipo 1 e do tipo 3 é quase igual.2 Enquanto Kazkayasi et al., embora relatem tipos de canais vidianos, observem a protrusão bilateral apenas na metade da configuração do tipo 2.15
Yegin et al., além dos tipos de canal vidiano, estudaram as diferentes configurações do assoalho do seio esfenoidal.2 Eles relatam uma incidência quase igual das variedades do tipo 1 e tipo 3. Além disso, observaram o canal vidiano deiscente em quase um quarto de todos os exames de imagem por TC estudados. Há uma grande disparidade nos relatos sobre os tipos de canais vidianos. Kazhayasi et al. também observaram que a pneumatização do processo pterigoide influencia o grau de protrusão do canal vidiano.15 Em seu relato, eles observaram uma grande variação nos tipos de canal vidiano nos lados individuais.
O comprimento médio do canal vidiano relatado varia entre 10 e 18mm.9,14,19,20,22,23 O comprimento médio do canal vidiano deste estudo foi de 16,16mm, o que está dentro da faixa relatada em estudos anteriores. Além disso, Adin relata comprimentos de canais vidianos sexualmente dimórficos, levemente mais longos em indivíduos do sexo masculino.18 Entretanto, não encontramos uma diferença tão significativa entre homens e mulheres. Além disso, não houve diferença entre os lados direito e esquerdo.
Particularmente, entre os estudos limitados feitos na Índia, Kirtane et al. avaliaram o uso da neurectomia vidiana para lágrimas de crocodilo, uma lesão causada por sequela do nervo facial.24 Bhanu Pratap Singh et al.,25 Sushil Kumar Kashyap et al.26 e Prabu SS27 observaram um canal vidiano que se projetava e deiscente ao estudar variações no seio esfenoidal. Eles não avaliaram o grau de pneumatização do processo pterigoide. Thakar et al. avaliaram o aumento e a deiscência do canal vidiano em 16 pacientes com angiofibroma juvenil.28 Eles concluíram que o envolvimento do canal vidiano no angiofibroma é universal, quase todos os casos abrigam tumor residual microscópico mesmo após a excisão completa. Manna Joseph et al. dissecaram dez cadáveres para avaliar a relação da artéria carótida interna (ACI) com o canal vidiano.29 Eles concluíram que a artéria carótida é superior e medial ao canal vidiano e a perfuração inferior e medial ao nervo vidiano fornece um acesso seguro ao geno anterior da artéria carótida interna.
Neste estudo, a associação entre pneumatização do processo pterigoide e tipo de canal vidiano foi avaliada pelo teste de probabilidade exata de Fisher. Verificou‐se uma associação estatisticamente significante entre a pneumatização do processo pterigoide e o tipo de canal vidiano. O processo de pneumatização, se envolver extensivamente o osso esfenoidal, torna mais provável que o canal vidiano se projete para dentro do seio esfenoidal (tipo 3) ou esteja presente no assoalho do seio esfenoidal (Tipo 2). Esse estudo ajuda a predizer o tipo de canal vidiano após observar a pneumatização do processo pterigoide.
A identificação intraoperatória do canal vidiano é de suma importância nas cirurgias endoscópicas funcionais do seio esfenoidal. A estreita relação da artéria carótida interna faz do canal vidiano um marco importante para a identificação da junção da porção petrosa e do clivus da artéria carótida interna. Este estudo delineia as posições relativas dos tipos de canal vidiano em relação à pneumatização do processo pterigoide. Como observado em muitos estudos anteriores, o canal vidiano era inferior à junção da porção petrosa e da porção gasseriana (ascendente) da artéria carótida interna.7,8,19,29 Não encontramos localização medial do canal vidiano que terminasse na porção petrosa da artéria carótida interna.
ConclusãoExiste uma associação estatisticamente significante entre a pneumatização do processo pterigoide e a ocorrência da configuração do canal vidiano tipos 2 e 3. O comprimento médio do canal vidiano foi de 16,16±1,8mm. O tipo 2 foi encontrado em 50,9% dos lados estudados. Em 49 lados (47,1%), o canal vidiano estava no mesmo plano que o da placa pterigoide medial. Na maioria dos casos, a extremidade anterior do canal vidiano era inferolateral à porção petrosa da artéria carótida interna no plano coronal.
Conflitos de interesseOs autores declaram não haver conflitos de interesse.
Como citar este artigo: Lakshman N, Viveka S, Assanar FB. Anatomical relationship of pterygoid process pneumatization and Vidian canal. Braz J Otorhinolaryngol. 2022;88:303–8.
A revisão por pares é da responsabilidade da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico‐Facial.