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Vol. 86. Núm. 5.
Páginas 523-524 (Setembro - Outubro 2020)
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Páginas 523-524 (Setembro - Outubro 2020)
Editorial
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Understanding Eustachian tube function
Entendendo a função da trompa de Eustáquio
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Miriam S. Teixeira
Autor para correspondência
teixeirams@upmc.edu

Autor para correspondência.
University of Pittsburgh School of Medicine, Department of Otolaryngology, Pittsburgh, EUA
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A principal função da orelha média (OM) é capturar as pressões sonoras ambientais e transferi‐las para a cóclea. Uma função eficiente da OM exige que a mesma seja mantida à pressão quase atmosférica, o que é alcançado por aberturas periódicas da trompa de Eustáquio (TE) e transferência do bolo gasoso com a frequência necessária para restabelecer a pressão na OM próxima da ambiente.1 A TE é uma comunicação biológica entre a OM e a nasofaringe e é geralmente fechada para impedir a transmissão de pressões, sons e patógenos nasofaríngeos à OM. Durante a deglutição e outras manobras, a ativação dos músculos paratubários resulta em uma abertura transitória do lúmen da TE, permitindo livre circulação de ar e equilíbrio das pressões entre a nasofaringe e a OM. Embora infecções bacterianas/virais, alergias nasais e outros fatores desencadeiem o desenvolvimento de inflamação da OM, a função inadequada da TE faz com que a inflamação da OM persista por muito tempo após a agressão inicial ter sido resolvida. O tratamento tradicional para a disfunção da TE (DTE) é a inserção de um tubo de ventilação para restabelecer a pressão ambiente da OM, resolver a inflamação presente, eliminar efusões e, portanto, melhorar a audição.2

Ainda não existe uma definição universalmente aceita para DTE, mas com o surgimento de novas modalidades de tratamento, como a tuboplastia da trompa de Eustáquio com dilatação por balão (TEDB), a necessidade de critérios diagnósticos claros para os quais esse procedimento seria indicado tornou‐se crucial. Na ausência de tais critérios universalmente aceitos, muitos estudos sobre TEDB tem usado apenas os sintomas reportados pelos pacientes para diagnosticar DTE e recomendar a dilatação por balao.3 Mas pesquisas e esforços para que medidas objetivas sejam a base do diagnóstico da DTE tem expandido os conceitos técnicos e levado a uma melhor compreensão da função tubaria.4,5 Sob essa visão, a mecânica de abertura da TE tem dois componentes principais: os componentes passivos, representados pelas forças elásticas e teciduais que mantêm a TE fechada, e os componentes ativos, representados pelos músculos paratubários que se opõem a essas forças para abrir o lúmen da TE.4,5 O equilíbrio e a harmonia entre esses dois componentes representam uma boa função da TE e ditam a extensão e o sucesso na abertura da TE para manter a OM saudável. Por outro lado, o desequilíbrio seletivo ou combinado, parcial ou completo, simultâneo ou temporal entre esses dois componentes irá criar diferentes graus de anormalidades, que variam de TE patente a obstruída.

A aplicação clínica dessa nova abordagem no entendimento da DTE foi apresentada em uma publicação recente, na qual 30 crianças (54 orelhas) de 6 a 17 anos e com otite média crônica e/ou recorrente e achados sugestivos de DTE foram testadas em uma clínica especializada. Resumidamente, os parâmetros da função passiva da TE foram categorizados com base nas propriedades protetoras da TE e incluíram a pressão de abertura (PA), pressão de fechamento (PF) e resistência em estado estacionário (RE) para o teste de resposta forçada (TRF) e o grau de alterações da pressão da orelha média medidos antes e depois do teste de Sniff e da manobra de Valsalva. Os parâmetros da função ativa incluíram eficiência de dilatação (ED) para o TRF, correção percentual de +200 daPa e –200 daPa OM‐gradientes de pressão nasofaríngeos (com o teste de inflação‐deflação para membranas timpânicas não intactas e com testes de câmara de pressão para membranas timpânicas intactas) e a pressão da OM equilibrada antes e após as manobras de Toynbee e Valsalva, medidas por timpanometria. Além disso, dois parâmetros derivados para o TRF foram calculados: resistência da TE no estado estacionário (RE=pressão no estado estacionário/fluxo trans‐TE) e eficiência da dilatação da TE (ED=resistência no estado estacionário/resistência ativa). A análise dos dados do teste de função da TE mostrou que as propriedades passivas e ativas da TE eram normais em 3,7% das orelhas, normais para passivas/anormais para ativas em 22,2% das orelhas, normais para ativas/anormais para passivas em 16,7% das orelhas e 57,4% das orelhas eram anormais em ambas as categorias de função passiva e ativa. Nessa série, seria possível identificar orelhas nas quais a TEDB seria contraindicada (aqueles com propriedades ativas e passivas normais e aqueles que mostrassem TE fáceis de abrir) e os candidatos ideais para o procedimento, aqueles indivíduos nos quais as pressões para abrir a TE fossem maior do que a esperada.5

É verdade que a sensibilidade e a especificidade dos testes de função da TE ainda não foram bem estabelecidas e que esses estudos iniciais precisam ser validados, mas são os primeiros passos para reconhecer que a DTE não é apenas um estado de estar “muito fechada” ou “muito aberta”, mas sim um espectro de distúrbios que podem ter fisiopatologias distintas. O uso de medidas objetivas para caracterizar a função da TE é extremamente importante tanto para criar parâmetros universais na avaliação da TE como para determinar o sucesso de novas modalidades de tratamento. Dentre os desafios estão a identificação e o desenvolvimento de novos testes para melhor discriminar as propriedades passivas e ativas da TE e o estabelecimento da faixa de normalidade para cada parâmetro. O objetivo é criar protocolos de teste simples e reprodutíveis em um ambiente clínico, por exemplo, aproveitando melhor os recursos dos softwares dos timpanômetros que ja estão comercialmente disponíveis. Por fim, a expectativa é que uma melhor compreensão das características individuais da DTE nos permita adaptar o tratamento de acordo com a causa específica e evitar intervenções desnecessárias.

Instituicao de financiamento

National Institutes of Health (EUA) Grant P‐50 DC007667.

Conflitos de interesse

A autora declara não haver conflitos de interesse.

Referências
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W.J. Doyle, J.T. Seroky, C.M. Alper.
Gas exchange across the middle ear mucosa in monkeys. Estimation of exchange rate.
Arch Otolaryngol Head Neck Surg., 121 (1995), pp. 887-892
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Structure, Function, Role in Otitis Media. Hamilton.
Decker Inc, (2005),
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Eustachian tube dysfunction: A diagnostic accuracy study and proposed diagnostic pathway.
PLoS One., 13 (2018 Nov 8), pp. e0206946
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C.M. Alper, M.S. Teixeira, B.C. Richert, J. Douglas Swarts.
Presentation and eustachian tube function test results in children evaluated at a specialty clinic.
Laryngoscope., 129 (2019), pp. 1218-1228

Como citar este artigo: Teixeira MS. Understanding Eustachian tube function. Braz J Otorhinolaryngol. 2020. https://doi.org/10.1016/j.bjorl.2020.02.001

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Brazilian Journal of Otorhinolaryngology
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