Compartilhar
Informação da revista
Vol. 88. Núm. S1.
Páginas S42-S47 (Novembro - Dezembro 2022)
Compartilhar
Compartilhar
Baixar PDF
Mais opções do artigo
Visitas
2284
Vol. 88. Núm. S1.
Páginas S42-S47 (Novembro - Dezembro 2022)
Artigo original
Open Access
Incisão supraclavicular lateral em cirurgia de carcinoma papilífero unilateral de tireoide
Visitas
2284
Yan‐Xin Rena, Jie Yanga, Wei‐Ze Suna, Yun Chenb, Xi‐Fang Wua, Ning Huangc,
Autor para correspondência
huangning82@163.com

Autores para correspondência.
, Xiao‐Jiang Lia,
Autor para correspondência
wingman11@163.com

Autores para correspondência.
a Kunming Medical University, Third Affiliated Hospital, Kunming , China
b Kunming Medical University, Third Affiliated Hospital, Department of Pathology, Kunming, China
c Kunming Medical University, Department of Pharmacology, Kunming, China
Este item recebeu

Under a Creative Commons license
Informação do artigo
Resume
Texto Completo
Bibliografia
Baixar PDF
Estatísticas
Figuras (3)
Mostrar maisMostrar menos
Suplemento especial
Este artigo faz parte de:
Vol. 88. Núm S1
Mais dados
Resumo
Introdução

A abordagem padrão para tireoidectomia é uma incisão em colar na face anterior do pescoço; a cicatriz no pescoço sempre foi uma fonte de preocupação para os pacientes; consequentemente, a cosmetologia aceitável da ferida tornou‐se um foco de atenção para os cirurgiões de cabeça e pescoço.

Objetivos

Verificar a eficácia e os resultados cosméticos da tireoidectomia por meio de incisão supraclavicular lateral.

Método

Foram divididos aleatoriamente 180 pacientes em dois grupos: um grupo supraclavicular lateral (Grupo LS) e outro transcervical convencional (Grupo TC). Os desfechos principais incluíram comprimento da incisão, perda de sangue intraoperatória, tempo cirúrgico, volume total de drenagem, despesas hospitalares, dor no pós‐operatório imediato medida através de escala visual analógica, infecção e resultado cosmético percebido.

Resultados

Não houve significância estatística entre os dois grupos em termos de idade, sexo, tamanho do nódulo, perda sanguínea intraoperatória, tempo cirúrgico, volume total de drenagem, custo hospitalar e complicações pós‐operatórias, mas houve diferença significante em termos de comprimento da incisão (5,2±1,04cm vs. 6,9±1,14cm, p <0,05).

Conclusão

A incisão supraclavicular lateral é uma abordagem segura e viável para tireoidectomia. Em comparação com a abordagem convencional, oferece um melhor resultado cosmético.

Palavras‐chave:
Tireoidectomia
Incisão cirúrgica
Cosmetologia
Texto Completo
Introdução

Os nódulos da tireoide são um problema clínico comum, com uma prevalência com base na palpação estimada entre 3% a 7%.1 O carcinoma da tireoide, especialmente o carcinoma papilífero da tireoide, é um tumor bem diferenciado, de crescimento lento, com um prognóstico relativamente bom; mas a incidência de carcinoma da tireoide tem aumentado.2,3 Até o momento, o efeito da terapia medicamentosa é limitado, portanto a cirurgia ainda é um método importante e eficaz para o tratamento do carcinoma da tireoide.4 A abordagem cirúrgica padrão para tireoidectomia tem sido por meio de uma incisão em colar na face anterior do pescoço, originalmente desenvolvida por Theodore Kocher no fim do século XIX. Nos últimos 20 anos, abordagens opcionais foram descritas, inclusive tireoidectomia endoscópica (vídeo‐assistida), tireoidectomia robótica e tireoidectomia transoral, na tentativa de evitar a cicatriz no pescoço.5,6 Porém, as indicações estritas, equipamentos caros e complicações emergentes restringem sua aplicação.

Para obter um melhor efeito estético, Yang et al.7 e Chen et al.8 modificaram a localização da incisão. Moveram‐na para a cavidade supraclavicular, de forma que a incisão pode ser disfarçada e oculta sob o colar ou sob adorno de pescoço. Embora a técnica tenha sido indicada em nódulos tireoidianos estritamente benignos, o objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia e segurança da tireoidectomia unilateral por abordagem supraclavicular lateral em nódulos tireoidianos malignos.

Método

De fevereiro de 2019 a janeiro de 2020, 180 pacientes foram avaliados para elegibilidade após a pesquisa receber a aprovação do comitê de ética do hospital (KY2020216). Todos os pacientes apresentavam nódulos tireoidianos unilaterais e foram submetidos à punção aspirativa por agulha fina (PAAF) em nosso serviço. Os resultados mostraram tratar‐se de carcinoma papilífero de tireoide. Os pacientes com as seguintes características foram excluídos deste estudo: 1) evidência de metástase linfonodal lateral do pescoço por biópsia com agulha; 2) ultrassom B‐Scan sugestivo de nódulos tireoidianos bilaterais passíveis de tireoidectomia total; 3) história de cirurgia anterior no pescoço ou irradiação de cabeça e pescoço; 4) evidências de metástases a distância pela ultrassonografia e tomografia computadorizada; 5) distúrbios de coagulação sanguínea conhecidos; 6) história recente de febre ou infecção; 7) gravidez, doenças crônicas graves; 8) tumor localizado atrás do esterno. Durante o tempo de internação, avaliações pré‐operatórias completas (avaliação bioquímica, função laboratorial da tireoide, ultrassonografia e tomografia computadorizada) foram obtidas e julgadas em todos os casos. Todos os pacientes foram submetidos à laringoscopia pré‐operatória para avaliação da movimentação das pregas vocais. Os pacientes que concordaram com os critérios do estudo foram divididos aleatoriamente em dois grupos (Grupo SL: supraclavicular lateral e Grupo TC: transcervical convencional).

Procedimento cirúrgico

Para o Grupo SL, a incisão em colar supraclavicular lateral foi adotada. O paciente sob anestesia geral endotraqueal foi colocado em posição supina na mesa de cirurgia com a cabeça inclinada para o lado contralateral; uma incisão de 5–6cm de comprimento foi feita a cerca de 2cm de distância da articulação esternoclavicular, paralela à clavícula na borda externa do esternocleidomastoideo (fig. 1 A–B). O músculo platisma foi seccionado e o retalho subplatismal foi confeccionado. Em seguida, a fáscia cervical foi incisada ao longo da borda anterior do esternocleidomastoideo para expor os músculos infra‐hióideos. Os músculos infra‐hióideos foram seccionados longitudinalmente e retraídos lateralmente. Em seguida, o lóbulo da glândula foi diretamente exposto logo abaixo da incisão. Esse procedimento torna mais fácil a divisão e ligadura da veia tireoidiana média e dos vasos sanguíneos dos polos superior e inferior, do que com o procedimento normal; subsequentemente, o lobo tireoidiano ipsilateral e o istmo foram dissecados (fig. 1C – H).

Figura 1.

Procedimento cirúrgico. A, o paciente foi cuidadosamente marcado quanto ao local da incisão supraclavicular e lateralmente no pescoço ao longo da prega cutânea na posição sentada; B, paciente em decúbito dorsal com a cabeça voltada para o lado contralateral; C, a pele e o músculo platisma foram seccionados e o retalho subplatismal confeccionado; D, os músculos infra‐hióideos foram seccionados longitudinalmente e retraídos; E, os pedículos vasculares superiores (→) foram seccionados e ligados; F, a glândula paratireoide superior (→) foi preservada com seu suprimento de sangue intacto; G, o nervo laríngeo recorrente (→) foi dissecado; H, os pedículos vasculares inferiores foram seccionados e ligados; I, os gânglios linfáticos centrais (→) foram dissecados; J, visão completa da cavidade operatória após a irrigação; K, os músculos infra‐hióideos foram reaproximados e um tubo de silicone de calibre 10 foi colocado na cavidade tireoidiana; L, a incisão foi fechada com sutura cirúrgica subcutânea absorvível.

(0,72MB).

Em seguida, o esvaziamento cervical central profilático ipsilateral foi feito rotineiramente. Os gânglios linfáticos pré‐laríngeos, pré‐traqueais e paratraqueais foram incisados para expor a traqueia até o nível dos vasos braquiocefálicos inferiormente e a borda medial da artéria carótida foi dissecada até a fáscia pré‐vertebral. O limite superior de dissecção foi no nível da cartilagem cricoide. O nervo laríngeo recorrente foi liberado do tecido fibroso do espaço paratraqueal para permitir a retração lateral do laríngeo recorrente para longe dos linfonodos do nível VI. Cuidado especial foi tomado para preservar a paratireoide superior em um pedículo vascularizado, a glândula paratireoide inferior foi desvascularizada e removida para autotransplante por técnica de injeção9 (fig. 1 I‐J).

No fim do procedimento cirúrgico, solução salina foi usada para irrigar a cavidade remanescente e a hemostasia foi garantida. Um tubo de silicone de calibre 10 foi colocado na cavidade tireoidiana, os músculos infra‐hióideos e o músculo platisma foram reaproximados e a incisão foi fechada com sutura subcutânea absorvível (fig. 1 K– L).

Para o Grupo TS, a incisão mediana anterior foi adotada. Uma incisão de 5–7cm de comprimento foi feita horizontalmente, cerca de um dedo acima da fúrcula esternal. O músculo platisma foi seccionado e um retalho subplatismal foi criado. A fáscia sobre os músculos infra‐hioideos foi incisada na linha média e os músculos esterno‐hióideos foram cuidadosamente dissecados e retraídos lateralmente para expor os músculos esternotireóideos subjacentes e a superfície anterior da glândula tireoide. Os músculos esternotireóideos foram divididos perto de sua extremidade superior para obter exposição do polo superior da glândula tireoide. A glândula tireoide inteira foi exposta e a lobectomia total foi feita. O esvaziamento cervical central ipsilateral foi feito de forma semelhante.

Todos os procedimentos cirúrgicos foram feitos sob anestesia geral pelo mesmo grupo de cirurgiões. O nervo laríngeo recorrente e as glândulas paratireoides foram preservados rotineiramente com o suprimento de sangue intacto.

Índice de observação e análise estatística

Nenhum paciente do grupo supraclavicular lateral precisou de conversão para cirurgia convencional. O estudo incluiu a mensuração do comprimento da incisão, perda de sangue intraoperatória, tempo cirúrgico, volume total de drenagem, despesas hospitalares, achados patológicos finais e complicações pós‐operatórias. As características clínicas dos pacientes foram coletadas e registradas em nosso banco de dados.

Os dados de dor pós‐operatória e satisfação estética foram coletados por meio de uma escala visual analógica (visual analog scale – VAS) de 10 pontos, conforme segue: a dor pós‐operatória foi avaliada por VAS, cuja pontuação varia de 0 (indolor) a 10 (a dor mais intensa).10 A pontuação cosmética foi medida três meses após a cirurgia, as divisões de avaliação clínica foram as seguintes: 0 a 3=efeitos cosméticos razoáveis; 4 a 6=efeitos cosméticos moderados; 7 a 10=bons efeitos cosméticos, essas pontuações foram registradas.11

Todas as variáveis contínuas foram expressas em desvio‐padrão da média. A análise estatística foi feita com o teste t de Student bicaudal para dados normalmente distributivos. Um teste não paramétrico (teste de Mann‐Whitney) foi feito quando a distribuição não era normal. Todos os valores foram expressos em média±DP para as variáveis contínuas e em número (porcentagem) para as variáveis categóricas, as estatísticas foram calculadas com o programa SPSS 17.0 para Windows (SPSS, Inc, Chicago, IL).

Resultados

Neste estudo, 180 pacientes foram incluídos nos dois grupos igualmente. Os dados epidemiológicos e clínico‐patológicos dos dois grupos, como idade, sexo, tamanho do tumor e índice de massa corpórea (IMC), foram semelhantes, os quais estão resumidos na tabela 1.

Tabela 1.

Características clinicopatológicas de cada grupo

Características clinicopatológicas  Grupo SL N = 90  Grupo TC N = 90  p 
Idade (a)  38,9 ± 3,21  40,1 ± 2,54  0,754 
Sexo
Masculino  35  41  0,861 
Feminino  55  49   
IMC  23,4 ± 2,70  22,5 ± 1,92  0,647 
Número de linfonodos  6,61 ± 1,44  5,98 ± 1,62  0,251 
Metástase de linfonodos
Sim  37  35  0,761 
Não  53  55   
Tamanho do tumor (cm)  2,35 ± 0,21  2,58 ± 0,31  0,527 
Perda sanguínea (mL)  14,92 ± 1,25  16,54 ± 1,33  0,395 
Tempo de cirurgia (min)  82,30 ± 7,53  80,55 ± 6,94  0,447 
Volume de drenagem  132,54 ± 18,72  145,68 ± 18,72  0,253 
Custos hospitalares (Milhares de $RMB)  11,08 ± 2,71  10,94 ± 2,43  0,853 
Comprimento da incisão (cm)  5,23 ± 1,04  6,93 ± 1,18  0,041 

SL, supraclavicular lateral; TC, transcervical convencional; IMC, Índice de Massa Corporal.

Resultados cirúrgicos e resultados histopatológicos

Todas as variáveis intraoperatórias estão apresentadas na tabela 1. Não houve diferença estatisticamente significante na perda de sangue intraoperatória, tempo cirúrgico, volume total de drenagem e despesas hospitalares entre os dois grupos (p> 0,05). O comprimento da incisão foi significantemente diferente entre os dois grupos: 5,2±1,04cm no Grupo SL e 6,9±1,14cm no Grupo TC (p <0,05). O número de linfonodos e as taxas de metástases de linfonodos foram maiores no Grupo SL que no Grupo TC (6,61±1,44 vs. 5,98±1,62; 41,1% vs. 38,9%), mas as diferenças não foram estatisticamente significantes (p> 0,05). Não houve caso de lesão permanente do nervo laríngeo recorrente ou hipoparatireoidismo em cada grupo. Contudo, houve quatro pacientes que apresentaram paralisia temporária do nervo laríngeo recorrente (um paciente no grupo experimental e três pacientes no grupo convencional), com recuperação em três meses. Nenhuma complicação, como fluido subcutâneo, lesão traqueal, lesão esofágica, paralisia do nervo mentoniano ou infecção, foi encontrada em ambos os grupos no pós‐operatório.

Resultado cosmético

Todos os pacientes compareceram às consultas pós‐operatórias no acompanhamento de três meses. O escore cosmético para a incisão no grupo experimental (7,76±1,87) foi significantemente maior do que no grupo convencional (6,77±2,15) e a diferença foi estatisticamente significante (p <0,05). A figura 2 e a tabela 2 mostram a imagem do aspecto incisional três meses após a operação. O escore médio de dor pós‐operatória foi menor no Grupo SL do que no Grupo TC quando os escores de dor foram medidos na VAS de 10 pontos (3,12±0,45 vs. 4,55±0,49, p <0,05), (fig. 3).

Figura 2.

O aspecto da incisão três dias após a operação é demonstrado.

(0,09MB).
Tabela 2.

Escores de efeito cosmético de cada grupo

Grupo  Número  Regular  Médio  Bom  Escores 
Grupo SL  90  15  71  7,76 ± 1,87 
Grupo TC  90  10  22  58  6,77 ± 2,15 
t      3,288     
p      0,001     

SL, supraclavicular lateral; TC, transcervical convencional; t, Teste t de amostra independente. Quanto maior o valor de t, mais significante é a diferença.

Figura 3.

Diferença estatisticamente significante na dor pós‐operatória, *p < 0,05.

(0,02MB).
Discussão

As incisões/feridas cirúrgicas sempre foram uma fonte de preocupação para os pacientes e a cosmetologia aceitável das feridas tornou‐se o foco de interesse dos cirurgiões de cabeça e pescoço. Com o avanço técnico, os procedimentos da tireoide fizeram a transição da tireoidectomia convencional para a vídeo‐assistida e, recentemente, para abordagens assistidas por robô na busca de um melhor resultado cosmético.12

No entanto, existem problemas no manejo do endoscópio no pescoço. 1) Uma das limitações é que a cirurgia endoscópica requer dissecções extensas na região torácica e do pescoço, o que tem levantado múltiplas preocupações em relação à dor pós‐operatória ou complicações.13 2) Outra limitação é a lesão do nervo mentoniano, geralmente descrita pelo paciente como perda unilateral da sensibilidade do lábio inferior. A incidência de lesão pós‐operatória do nervo mentoniano em tireoidectomia endoscópica transoral foi de 2,3%.14 3) A tireoidectomia endoscópica pode aumentar o risco de rompimento da cápsula tireoidiana e do tecido tumoral, com possível disseminação de células no processo, durante o qual a glândula tireoide foi extraída por meio de uma pequena incisão na pele.15,16 4) O tempo cirúrgico na tireoidectomia endoscópica é significativamente maior do que na cirurgia aberta porque tal procedimento requer a colocação de portas e dissecção do retalho. 5) As insuflações de dióxido de carbono no pescoço podem causar efeitos adversos nos níveis hemodinâmicos e gasosos, como hipercarbia, acidose, diminuição da pressão arterial média e da pressão venosa central.17 6) A incisão transoral é categorizada como uma ferida limpa‐contaminada que pode transformar a incisão estéril em incisão contaminada e acarretar um risco maior de infecção.18 Por fim, a tireoidectomia endoscópica ainda é mais cara e requer uma curva de aprendizado mais longa para o cirurgião.19

Desde 2011, Chen et al.8 tentaram fazer tireoidectomias por meio de incisão supraclavicular lateral, principalmente em nódulos benignos da tireoide. Ainda não há muitos estudos que confirmem se a incisão é uma abordagem viável e segura para ressecção de carcinoma da tireoide. Os dados clínicos de carcinoma da tireoide foram registrados para os dois grupos. Neste estudo, os resultados mostraram que não houve diferença significante entre os dois grupos quanto às características dos pacientes, sangramento intraoperatório, tempo cirúrgico, drenagem total pós‐operatória, dor pós‐operatória, remoção do linfonodo central, hidropisia subcutânea, lesão traqueal, lesão esofágica, infecção e outras complicações. Esses resultados sugerem que ambos os métodos são seguros e eficazes. A incidência de lesão recorrente do nervo laríngeo e hipoparatireoidismo não aumentou significantemente, possivelmente devido à dissecção meticulosa. No entanto, a incisão supraclavicular lateral tem melhores efeitos cosméticos do que a incisão transcervical convencional. Os efeitos cosméticos perfeitos da incisão supraclavicular lateral são resultantes de: 1) a ligadura da veia jugular anterior e a ressecção transversal dos músculos infra‐hióideos podem ser evitadas durante a operação, evita‐se assim o distúrbio pós‐operatório do retorno venoso e a formação de cicatriz subescapular;20 2) os movimentos cervicais na parte lateral acima da clavícula são muito mais suaves e menos frequentes do que na região média; 3) a fáscia pré‐traqueal e os espaços de tecido potenciais não são perturbados.20

É razoável questionar se a completude da operação por incisão supraclavicular lateral é comparável àquela alcançada com a abordagem transcervical tradicional. Essa questão pode ser respondida com os dados disponíveis da avaliação da integridade da tireoidectomia unilateral e da dissecção dos linfonodos do compartimento central. A ultrassonografia pós‐operatória não mostrou tecido tireoidiano residual ou o linfonodo central do pescoço (dados não mostrados).15

Cumulativamente, esses resultados confirmam indiretamente que as duas incisões são igualmente eficazes no tratamento do carcinoma unilateral da tireoide. No entanto, este estudo foi associado a algumas limitações. Em primeiro lugar, essa incisão só é adequada para carcinoma de tireoide unilateral, é inviável para tratar lesões contralaterais pela mesma incisão. Em segundo lugar, o estudo incluiu um tamanho de amostra relativamente pequeno e acompanhamento de curto prazo, dados maiores sobre a avaliação do prognóstico de pacientes com carcinoma de tireoide com essa incisão devem ser explorados em estudos maiores que incluem acompanhamentos mais longos e um número maior de pacientes.

Conclusão

Nosso estudo sugere que a incisão supraclavicular lateral é uma abordagem segura e prática para tireoidectomia. A incisão supraclavicular lateral fornece resultados cosméticos satisfatórios em comparação com a incisão transcervical convencional. Essa técnica pode ser facilmente feita pela maioria dos cirurgiões com experiência tradicional em tireoidectomia e não requer uma longa curva de aprendizado.

Revisão ética

A pesquisa recebeu a aprovação do comitê de ética do hospital (KY2020216).

Conflitos de interesse

Os autores declaram não haver conflitos de interesse.

Agradecimentos

National Natural Science Foundation in 2012–2020 (81260312–81960489); Yunnan provincial health commission medical reserve talent training program (H‐201634); Yunnan Ten Thousand People Plan Young Top Talents Project; Basic research project of Science & Technology Department of Yunnan Province in 2020 (202001AT070056); The Joint project of applied basic research of Yunnan procincial department of science and technology (2014FZ037); Science Research Fund Project of Yunnan Education Department in 2019 (2019J1287).

Referências
[1]
H. Gharib, E. Papini, J.R. Garber, D.S. Duick, R.M. Harrell, L. Hegedüs, et al.
AACE/ACE/AME Task Force on Thyroid Nodules. American Association of Clinical Endocrinologists. American College of Endocrinology, and Associazione Medici Endocrinologi Medical Guidelines for Clinical Practice for the Diagnosis and Management of Thyroid Nodules – 2016 UPDATE.
Endocr Pract., 22 (2016), pp. 622-639
[2]
W.W. Kim, J.S. Kim, S.M. Hur, S.H. Kim, S.K. Lee, J.H. Choi, et al.
Is robotic surgery superior to endoscopic and open surgeries in thyroid cancer?.
World J Surg., 35 (2011), pp. 779-784
[3]
D.F. Schneider, H. Chen.
New developments in the diagnosis and treatment of thyroid cancer.
CA Cancer J Clin., 63 (2013), pp. 374-394
[4]
C. Durante, G. Grani, L. Lamartina, S. Filetti, S.J. Mandel, D.S. Cooper.
The diagnosis and management of thyroid nodules: a review.
JAMA., 319 (2018), pp. 914-924
[5]
T.S. Wang, J.A. Sosa.
Thyroid surgery for differentiated thyroid cancer – recent advances and future directions.
Nat Rev Endocrinol., 14 (2018), pp. 670-683
[6]
A. Anuwong.
Transoral endoscopic thyroidectomy vestibular approach: a series of the first 60 human cases.
World J Surg., 40 (2016), pp. 491-497
[7]
Y.L. Yang, B.R. Lin, Y.F. Pan, X.H. Zhang.
A supraclavicular approach to thyroidectomy.
Am Surg., 77 (2011), pp. 656-658
[8]
Z.Q. Chen, L. Wang, T. Li, S.Y. Hu, X.T. Zhi.
Supraclavicular lateral collar incision versus conventional approach for thyroidectomy: supplement for minimally invasive techniques with extended indications.
J Laparoendosc Adv Surg Tech A., 21 (2011), pp. 45-50
[9]
S. Grodski, L. Cornford, M. Sywak, S. Sidhu, L. Delbridge.
Routine level VI lymph node dissection for papillary thyroid cancer: surgical technique.
ANZ J Surg., 77 (2007), pp. 203-208
[10]
W. Gao, L. Liu, G. Ye, L. Song.
Application of minimally invasive video‐assisted technique in papillary thyroid microcarcinoma.
Surg Laparosc Endosc Percutan Tech., 23 (2013), pp. 468-473
[11]
F. Guo, W. Wang, X. Zhu, C. Xiang, P. Wang, Y. Wang.
Comparative study between endoscopic thyroid surgery via the oral vestibular approach and the areola approach.
J Laparoendosc Adv Surg Tech A., 30 (2020), pp. 170-174
[12]
Y. Tan, B. Guo, X. Deng, Z. Ding, B. Wu, Y. Niu, et al.
Transoral endoscopic selective lateral neck dissection for papillary thyroid carcinoma: a pilot study.
Surg Endosc., 34 (2020), pp. 5274-5282
[13]
C.M. Song, Y.H. Cho, Y.B. Ji, J.H. Jeong, D.S. Kim, K. Tae.
Comparison of a gasless unilateral axillo‐breast and axillary approach in robotic thyroidectomy.
Surg Endosc., 27 (2013), pp. 3769-3775
[14]
D. Zhang, F. Famá, E. Caruso, G. Pinto, A. Pontin, A. Pino, et al.
How to Avoid and Manage Mental Nerve Injury in Transoral Thyroidectomy.
Surg Technol Int., 35 (2019), pp. 101-106
[15]
G. Dionigi, H. Dralle, G. Materazzi, H.Y. Kim, P. Miccoli.
Happy 20th birthday to minimally invasive video‐assisted thyroidectomy! J Endocrinol Invest., 43 (2020), pp. 385-388
[16]
D. Zhang, D. Park, H. Sun, A. Anuwong, R. Tufano, H.Y. Kim, et al.
Indications, benefits, and risks of transoral thyroidectomy.
Best Pract Res Clin Endocrinol Metab., 33 (2019), pp. 101280
[17]
R. Bellantone, C.P. Lombardi, F. Rubino, V. Perilli, L. Sollazzi, G. Mastroianni, et al.
Arterial PCO2 and cardiovascular function during endoscopic neck surgery with carbon dioxide insufflation.
Arch Surg., 136 (2001), pp. 822-827
[18]
A. Anuwong, H.Y. Kim, G. Dionigi.
Transoral endoscopic thyroidectomy using vestibular approach: updates and evidences.
Gland Surg., 6 (2017), pp. 277-284
[19]
A. Anuwong.
Transoral endoscopic thyroidectomy vestibular approach: a series of the first 60 human cases.
World J Surg., 40 (2016), pp. 491-497
[20]
N. Liu, B. Chen, L. Li, Q. Zeng, B. Lv.
Subplatysmal or subfascial approach in totally endoscopic thyroidectomy has better postoperative efficacy for voice, sensory, swallowing symptoms and cosmetic result.
Cohort study. Int J Surg., 60 (2018), pp. 22-27

Como citar este artigo: Ren Y‐X, Yang J, Sun W‐Z, Chen Y, Huang N, et al. Application of lateral supraclavicular incision in unilateral thyroid papillary carcinoma surgery. Braz J Otorhinolaryngol. 2022;88:S42–S47.

A revisão por pares é da responsabilidade da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico‐Facial.

Idiomas
Brazilian Journal of Otorhinolaryngology
Opções de artigo
Ferramentas
en pt
Announcement Nota importante
Articles submitted as of May 1, 2022, which are accepted for publication will be subject to a fee (Article Publishing Charge, APC) payment by the author or research funder to cover the costs associated with publication. By submitting the manuscript to this journal, the authors agree to these terms. All manuscripts must be submitted in English.. Os artigos submetidos a partir de 1º de maio de 2022, que forem aceitos para publicação estarão sujeitos a uma taxa (Article Publishing Charge, APC) a ser paga pelo autor para cobrir os custos associados à publicação. Ao submeterem o manuscrito a esta revista, os autores concordam com esses termos. Todos os manuscritos devem ser submetidos em inglês.