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Vol. 80. Núm. 4.
Páginas 275-276 (Julho 2014)
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The role of different types of grafts in tympanoplasty
O papel dos diferentes tipos de enxertos nas timpanoplastias
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Marcos Rabelo de Freitasa, Thiago Corrêa de Oliveirab
a Departamento de Cirurgia, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Ceará (UFC) - Campus Sobral, Fortaleza, CE, Brasil
b Departamento de Morfologia, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Ceará (UFC) - Campus Sobral, Fortaleza, CE, Brasil
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Em 1878, Emil Berthold foi quem primeiro descreveu o procedimento cirúrgico de miringoplastia, com um enxerto livre de pele do antebraço,1 apesar de Edward Ely haver comentado em uma publicação posterior que havia sido o pioneiro neste procedimento.2 Mas, somente nos anos 1950, ressurgiram na literatura artigos relacionados à timpanoplastia. Os princípios fundamentais da cirurgia foram descritos por Wullstein3 em 1952, com enxerto livre de pele, e Zoellner,4 em 1955, através de um enxerto pediculado. Desde então, inúmeros tipos de materiais vêm sendo utilizados para reconstruir a membrana timpânica. Dentre os enxertos autólogos, pode-se citar: fáscia temporal, fáscia lata, periósteo, pericôndrio, cartilagem com e sem pericôndrio, veias, gordura e pele.5,6 Inúmeros aloenxertos são citados na literatura e incluem: dura-máter, pericárdio, fáscia temporal, membrana amniótica, pele, córnea, peritônio, veias e válvula aórtica.6 Recentemente, enxertos aloplásticos, como papéis, esponja gelatinosa absorvível e matriz dérmica acelular, também vêm sendo utilizados.7

A tendência à realização de procedimentos médicos cada vez menos invasivos, com menor tempo de internamento hospitalar, tem levado à procura de materiais para substituir os enxertos autólogos. Vantagens teóricas incluem a eliminação de morbidade relacionada à retirada do enxerto, cicatrização mais rápida, ausência de cicatrizes visíveis, menos dor e menor risco de infecção, além de tornar o procedimento mais rápido e a alta precoce. Estes enxertos, porém, encarecem bastante o procedimento e não mostraram vantagens reais até o momento.7

A fascia temporalis é o enxerto mais comumente utilizado e apresenta taxas de sucesso entre 93% e 97% em timpanoplastias primárias, principalmente em orelhas médias bem aeradas.5,8 Na última década, contudo, foi crescente o interesse no emprego de enxertos de cartilagem como principal alternativa ao seu uso. A rigidez e a firmeza da cartilagem conferem uma maior estabilidade ao enxerto e têm um papel fundamental na resistência contra retração. Há um receio, todavia, de que estas mesmas características possam ter um efeito negativo na condução sonora.5,8

Lee et al.,8 em uma análise retrospectiva de 40 pacientes apresentando otite média crônica com tecido de granulação em orelha média, compararam os resultados anatômicos e auditivos de timpanoplastias tipo I utilizando fascia temporalis, ilhas de cartilagem e cartilagem em palissada. Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre as três técnicas quanto ao fechamento da perfuração da membrana timpânica. Na melhora audiológica, a técnica de cartilagem em palissadas mostrou resultados um pouco piores que as demais. Quanto ao local de retirada da cartilagem, Zahnert et al.,9 em um estudo experimental, concluíram que tanto a cartilagem conchal quanto a tragal apresentam os mesmos efeitos relativos às propriedades auditivas. e que a espessura de 0,5 mm foi considerada suficiente para manter as características de resistência à retração e uma condução sonora comparável à membrana timpânica normal.

Em uma revisão sistemática da literatura (grau de recomendação A), Mohamad et al.5 encontraram que timpanoplastias utilizando enxertos de fascia temporalis e de cartilagem apresentaram resultados funcionais (melhora audiológica) equivalentes e comparáveis. Entretanto, há evidências de nível 1, 3 e 4 que mostram melhores resultados morfológicos (membrana timpânica intacta) com o uso de enxertos de cartilagens, com ou sem pericôndrio. O uso de enxertos de cartilagem mostrou-se uma opção segura para reconstrução da membrana timpânica, tanto em adultos quanto em crianças, segundo o mesmo estudo.

A possibilidade de transmissão de doenças infectocontagiosas e o custo de materiais sintéticos mantêm os enxertos autólogos na preferência da maioria dos otologistas, para a realização de timpanoplastias. O fator custo é muito mais importante quando se leva em consideração a maior prevalência de otites crônicas supurativas na população de menor poder econômico e, portanto, assistida pelo sistema público de saúde. Por fim, outro fator fundamental é a experiência do cirurgião. Não se podem esperar bons resultados quando não se está familiarizado com a técnica cirúrgica a ser empregada.

Conflitos de interesse

Os autores declaram não haver conflitos de interesse.


DOI se refere ao artigo:

http://dx.doi.org/10.1016/j.bjorl.2014.05.018

Como citar este artigo: de Freitas MR, de Oliveira TC. The role of different types of grafts in tympanoplasty. Braz J Otorhinolaryngol. 2014;80:275-6.

* Autor para correspondência.

E-mail:
marcosrabeloufc@gmail.com (M.R. Freitas).

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Brazilian Journal of Otorhinolaryngology
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